Thursday, 25 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Julgamento de jornalistas da al-Jazeera tem acusação atrapalhada

O caso dos três jornalistas da al-Jazeera presos no Egito desde o fim de dezembro, acusados de fazer parte de um grupo terrorista, teve um novo capítulo na semana passada. Na quinta-feira [10/4], os promotores do caso apresentaram ao tribunal sua primeira evidência: vídeos que foram encontrados com os réus. Entre o material estavam clipes de notícias sobre um hospital para animais com burros e cavalos e outro sobre a vida de cristãos no Egito. Nenhum dos vídeos mostrados, no entanto, havia sido feito pela al-Jazeera.

Os advogados de defesa e até mesmo o juiz rejeitaram os vídeos, classificando-os de irrelevantes. O juiz Mohammed Nagi Shehata afirmou que o material exibido pela promotoria não contém nada que suporte as acusações.

Um dos advogados de defesa desdenhou dos promotores, afirmando que eles não tinham sequer assistido ao conteúdo dos vídeos antes de submetê-los como evidência. O juiz negou o pedido de fiança por parte dos advogados e adiou o julgamento para o dia 22 de abril.

Pagando o preço

O correspondente australiano Peter Greste e os produtores Mohammed Fahmy, egípcio-canadense, Baher Mohammed, egípcio, são acusados de ligação com a Irmandade Muçulmana, facção da qual fazia parte o presidente deposto Mohamed Morsi e que foi classificada de “organização terrorista” pelo novo governo. Os jornalistas ainda são acusados de falsificar imagens com a intenção de causar danos à segurança nacional.

As autoridades acusam a al-Jazeera, que pertence ao emir do Catar, de prover uma plataforma para a Irmandade Muçulmana, o que é refutado pela rede de TV. Seus jornalistas também negam as acusações e dizem que apenas reportavam o clima político do Egito. Segundo Mohammed Fahmy, os promotores do caso afirmaram, privadamente, que ele e os outros réus “estão pagando o preço” pela tensão entre o Egito e o Catar.

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