Quase meio mundo deve assistir à Copa do Mundo que começa esta semana no Brasil, lembra o semanário britânico The Economist no artigo de capa de sua mais recente edição [7/6], para lamentar, em seguida, que o mundial terá início envolto em uma “nuvem tão grande quanto o estádio do Maracanã”. Com o título “Jogo bonito, negócio sujo”, o Economist cita documentos obtidos pelo jornal britânico Sunday Times que supostamente revelam que teriam sido feitos pagamentos secretos a dirigentes da FIFA em troca da escolha do Catar como sede de 2022.
A suposição, de fato, levanta uma questão simples. “Por que diabos alguém pensou que sediar a Copa do Mundo no meio do verão árabe seria uma boa ideia?”, questiona o semanário, para ir ainda mais fundo no problema: “Por que o maior jogo do mundo é liderado por um grupo de mediocridades, notavelmente por Sepp Blatter, o chefe da FIFA desde 1998?”. Para o Economist, fosse em qualquer outra organização, “os escândalos financeiros sem fim teriam levado à saída dele anos atrás”. Além disso, Blatter, de 78 anos, é chamado de ultrapassado, comparado ao “tipo de dinossauro que deixou os conselhos corporativos na década de 70”.
O editorial ressalta que a maior parte dos apaixonados por futebol é indiferente ao que acontece nos bastidores do campeonato. “O que importa para eles é a beleza do jogo, não os engravatados esgotados que o administram”. Mas os fãs estão errados em achar que não há preço a ser pago pela corrupção e complacência no alto escalão de uma organização do porte da FIFA.
Problemas na estrutura
O Economist ressalta que a saída de Blatter, no entanto, não resolveria todos os problemas. Há ainda uma questão estrutural. Ainda que pertença a um órgão sem fins lucrativos na Suíça, a entidade não deve satisfação a ninguém; nem a organizações regionais de futebol, nem a governos. Uma organização como a FIFA deveria ser regulada, defende o semanário.
O processo de escolha da sede da Copa do Mundo também deveria ser modificado. Um primeiro passo seria uma rotação formal de continentes: da Europa para a África, para a Ásia e depois para a América. Isso ajudaria a conter a corrupção intercontinental, diz o texto. Mas é difícil esperar mudanças práticas sem que sejam feitas mudanças no alto escalão que se reúne em Zurique.