Friday, 26 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Governo bloqueia redes sociais para desestabilizar extremistas

O governo do Iraque bloqueou o acesso a redes sociais no país em uma tentativa de barrar seu uso pelo grupo jihadista Estado Islâmico do Iraque e do Levante (ISIS). Na sexta-feira [13/6], sites como Facebook, Twitter e YouTube saíram do ar na maior parte do dia. Serviços de mensagens por telefone celular, como Whatsapp e Viber, também foram interrompidos.

O objetivo do governo é desestabilizar, de alguma forma, o ISIS, grupo de insurgentes islâmicos sunitas que tem derrotado o Exército iraquiano em uma luta sangrenta, dominando diversas cidades do país. No início da semana, extremistas ligados ao grupo publicaram no Twitter a mensagem: “Louvado seja Alá, que deu o Twitter aos mujahedin para que eles possam compartilhar suas alegrias e não tenham que ouvir à BBC, al-Arabia e al-Jazeera”. Perfis no microblog ligados ao ISIS também vinham postando vídeos de confrontos.

Serviços que monitoram o tráfego online detectaram apagões que duraram horas na segunda [9/6] e quinta-feiras [12/6]. No fim da semana, o bloqueio foi mais longo, durando praticamente o dia inteiro – neste mesmo dia, o conflito se intensificou ainda mais e o presidente dos EUA, Barack Obama, falou sobre a possibilidade de dar início a mais uma ação militar no Iraque.

Bloqueio parcial

Mas o tiro não foi certeiro. A perda de controle de algumas regiões para grupos insurgentes mostrou para o governo que não é tão fácil controlar o espaço virtual. Enquanto em Bagdá e nas proximidades da capital o apagão foi obedecido pelos provedores, o mesmo não aconteceu em áreas mais distantes. As regiões fora do controle do governo costumam ter fontes alternativas de conexão, como links via satélite e linhas de fibra ótica vindas de provedores na Turquia, Irã e Jordânia. Por isso, nestas áreas a ordem de bloqueio foi bem menos sentida. “Isso meio que reflete temas mais amplos no Iraque, sobre o quão pouco é o controle do governo iraquiano sobre aquele país”, pondera o analista Doug Madory, da Renesys, uma empresa americana que monitora o desempenho da internet em todo o mundo.

Grupos radicais veem as redes sociais como uma ferramenta poderosa. Isso ocorre principalmente quando o grupo em questão tem apoio significativo da população. Na semana passada, o New York Times reportou que alguns iraquianos estavam começando a se referir aos insurgentes como uma espécie de exército alternativo que libertaria o país dos Exército. “Muitos [habitantes] relataram que podiam circular pela cidade mais livremente pela primeira vez em anos depois que os militantes desbloquearam rodovias que o Exército havia fechado”, dizia a reportagem do Times.