Saturday, 20 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Zero a zero

Quando se lê hoje a crônica futebolística brasileira, em geral, fica-se pasmo ao se rejubilar apenas com Tostão e, olhe lá, Xico Sá. O jornalista e cronista esportivo Pedro Zamora escreveu, em 1975, a bíblia Assim falou Neném Prancha, em que, a certa altura, comenta.

“A era do jogo defensivo nasceu há uns quinze anos por diferentes razões bastante compreensíveis. A primeira foi a criação de competições internacionais com turno e returno. Cedo, viu-se a equipe visitante reforçar sua defesa para não perder lá fora, reservando-se para expor seu jogo frente a sua torcida (…) e isso era uma faca de dois gumes, já que os adversários adotavam os mesmos recursos. A segunda razão foi o crescimento alucinado do número de torcedores, em todo o mundo, deteriorando o espírito desportista. O torcedor não quer saber de derrotas, mesmo que o time jogue o fino. Isso perturba os jogadores e as próprias partidas. A terceira razão diz respeito aos treinadores que têm medo de perder seu emprego e preferem então, eles também, o empate ou zero a zero chorado à derrota” (Heleno Asneira, quer dizer, Herrera, 1975).

Falou bicho! Não vá nessa não, meu chapa.

Isso não é futebol. Absolutamente.

E, tanto não é que depois que el senõr Herrera envenenou o futebol italiano com o tal catenácio nunca mais a “Azurra” se aprumou (vide esta Copa). Perdeu até para a Coréia do Norte. Futebol não é isso não, meu filho. Futebol é jogo de homem. De quem tem coragem de arriscar. E isso que o senhor Herrera falou é o famoso antifutebol. Não dá pé.

Como não dá pé ler Abílio Diniz falando de futebol.

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Zulcy Borges de Sousa é jornalista