Friday, 29 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1281

Reforma na revista, no site e no acesso ao conteúdo

A tradicional revista americana “New Yorker”, conhecida por suas linhagens literária e jornalística, que fundamentaram as bases do chamado “novo jornalismo” ou “jornalismo literário”, anunciou em sua edição que está nas bancas uma ampla reforma nas suas versões impressa e on-line, bem como em seu modelo de assinaturas e acesso a conteúdo.

A revista lembra que completará 90 anos em fevereiro e, desde sua fundação por Harold Ross, ainda mantém seções criadas por ele, como “The talk of the town”, “Goings on” e “Profiles”. Mesmo assim, afirma a revista, Ross, conhecido por ser extremamente meticuloso, não poderia imaginar as transformações por que passa o setor de mídia impressa nos dias atuais.

O site da revista – newyorker.com – cresceu consideravelmente, sobretudo nos últimos anos: “No computador desktop, no tablet no smartphone, o site se tornou, cremos, bem mais fácil de navegar e de ler; mais rico em suas ofertas; e bem mais atraente como leitura”. Isso inclui, na versão on-line, vídeos, áudios, gráficos animados e fotografias.

Mas, após meses de duro trabalho, envolvendo jornalistas e o pessoal da tecnologia, uma reformulação foi levada a cabo, para adequar a revista à realidade do mercado. A força-tarefa, “trabalhando noite e dia a base de sanduíche e água”, tratou de questões como “design, funcionalidade, acesso e o que clinicamente chamado de ‘experiência do usuário’”.

Princípios editoriais

As reformas, diz a revista, não se limitam à estética ou à tecnologia. As mudanças envolvem o conteúdo. O site, que traz cerca de 15 histórias originais diariamente, aumentará esse volume, assim como os meios para os leitores expressarem suas opiniões. “Por exemplo, além do “Daily Comment”, que em geral trata de política, será criado o “Daily Cultural Comment”, uma coluna em que os articulistas da revista abordarão os últimos debates sobre os impactos da tecnologia”.

A revista também vai mudar a forma de acesso ao conteúdo. Inicialmente, os leitores on-line podiam ler gratuitamente uma certa quantidade de artigos, disponibilizados pela revista. Outros eram cobrados. Agora, a revista vai liberar todo o conteúdo – impresso e on-line – para qualquer um durante o verão (no Hemisfério Norte), para que os usuários conheçam os novos conteúdos. A partir do outono, começa uma segunda etapa, em que os leitores serão dirigidos a um paywall.

“Os assinantes continuarão com acesso a tudo. Os não-assinantes terão acesso a um número limitado de artigos, podendo escolher fazer uma assinatura”. É um sistema similar ao adotado por outros jornais, como o “New York Times”, afirma a revista. Os assinantes também terão acesso ao acervo da revista, retrocedendo ao que foi publicado a partir de 2007. Seja qual for o design, o modelo de negócio e o acesso, dizem os editores da “New Yorker”, o conteúdo continuará fiel aos princípios editoriais de “liberdade, ambição e acuidade” introduzidos por Harold Ross há quase 90 anos.