Friday, 29 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1316

Barack Obama e sua guerra contra o jornalismo

Dez meses depois que o Comitê de proteção aos jornalistas publicou o relatório “A administração Obama e a Imprensa,” jornalistas e whistleblowers continuaram a encarar uma vigilância sem precedentes e ameaças legais. O relatório, de autoria de Leonard Downie Jr., antigo editor executivo do The Washington Post, continua atual ao descrever “a atmosfera de medo que paira sobre o contato entre jornalistas americanos e fontes do governo.”

O Departamento de Justiça dos EUA parece determinado a intensificar este clima de medo – em parte por ameaçar prender o repórter do New York Times James Risen, que se recusou a nomear as fontes das revelações de seu livro de 2006, State of War, que relata que a CIA estragou uma operação idiota e perigosa sobre projetos de armas nucleares no Irã.

O governo está agora processando um antigo funcionário da CIA, Jeffrey Sterling, por ter supostamente vazado estas informações. O procurador-geral Eric Holder deve logo decidir se ele irá prender Risen por não entregar suas fontes. A Freedom of the Press Foundation chamou o caso de um dos “mais significantes sobre a liberdade de imprensa em décadas.”

Há quase um ano, 46 organizações de notícias mandaram uma carta a Holder clamando que o Departamento de Justiça retirasse a intimação a Risen. Neste verão, tanto o RCFP quanto o CPJ elaboraram uma petição “Nós apoiamos James Risen porque apoiamos a liberdade de imprensa,” para ser entregue em meados de agosto, e que já teve quase 100.000 assinaturas.

A petição foi iniciada em maio por um grupo ativista chamado RootsAction.org, do qual sou um dos fundadores, junto de algumas outras organizações: o Center for Media and Democracy, o observatório de mídia FAIR, a Freedom of the Press Foundation, e o The Nation.

Lê-se na petição:

Ao presidente Obama e procurador-geral Holder.

Seus esforços para obrigar o repórter do New York Times James Risen a revelar suas fontes são uma agressão à liberdade de imprensa. Sem a confidencialidade, o jornalismo seria reduzido a histórias oficiais – uma situação contrária à Primeira Emenda. Nós clamamos que vocês retirem quaisquer ações legais contra Risen e que salvaguardem a liberdade dos jornalistas de manterem a confidencialidade de suas fontes.

Milhares de signatários da petição postaram comentários comoventes. Eles atestaram o quanto as pessoas sentem que a liberdade de imprensa é essencial à democracia. Apoio à petição também chegou dos Reporters Without Borders, do Government Accountability Project, do Public Citizen, e outros grupos.

De muitas maneiras, o caso de Risen se tornou uma batalha contra o medo – um cabo-de-guerra contra a “atmosfera de medo” imposta.

Dia 14 de agosto, o mesmo dia em que a entrega da petição apoiando Risen ao Departamento de Justiça está agendada, uma coletiva de imprensa no National Press Club em Washington irá discutir a petição e o que está em jogo. A coletiva está programa para a sala Zenger – sala esta que leva o nome do jornalista John Peter Zenger, que foi preso pela Coroa Britânica por ter se recusado a ajoelhar-se diante de autoridades ilegítimas.

Esperamos que, 280 anos depois, o mesmo não aconteça com James Risen.

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Norman Solomon, da Columbia Journalism Review