Tuesday, 26 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Jornalismo, conhecimento e ethos profissional

Qual a relação do Jornalismo com o Conhecimento? Em uma época marcada pelas megafusões midiáticas, pelo infoentretenimento, pelo império das audiências, pelo marketing do poder político e econômico que embala a informação, haveria ainda sentido acreditar que o Jornalismo esteja ressurgindo com sua força de contrapoder, de investigação dos poderes públicos e privados quando estes impactam na vida social?

Quando alguns autores e profissionais acreditam que o jornalismo dos sonhos foi sepultado, haveria sentido defender que o jornalismo tem ainda grande contribuição para manter a vitalidade democrática e disseminar controvérsias e possibilitar escolhas lúcidas?

Para discutir tudo isso e seguindo a tradição dos estudiosos clássicos alemães, como Tobias Peucer (primeira tese de doutorado em jornalismo, em 1690) e Otto Groth (na primeira metade do século 20 desenvolveu uma teoria mais específica do jornalismo em sua ampla obra), chega ao Brasil o professor Wolfgang Donsbach. Na quarta-feira (17/9), às 14 horas, ele ministra a Aula Magna do Programa de Pós-Graduação em Jornalismo da Universidade Federal de Santa Catarina, no auditório da Biblioteca da UFSC, em Florianópolis, com o tema “Jornalismo como profissão do conhecimento moderno: interfaces entre o papel social do jornalismo, seu ensino e prática”.

A aula abre, simbolicamente, o segundo semestre de 2014 do POSJOR/UFSC, marcando também o início da oitava turma de mestrado e a primeira de doutorado, este sendo o único com área de concentração em Jornalismo da América do Sul.

A relação Jornalismo e Conhecimento implica, de um lado, discutir se o jornalismo produz conhecimento próprio ou dissemina o conhecimento de outras áreas do saber e de centros do poder, macro ou micro. A relação Jornalismo e Conhecimento implica saber se existe, ainda, um ethos profissional com dimensão técnica, ética e estética. E se os valores históricos, sobretudo a partir da Modernidade e do século 20, permanecem como válidos no século 21, e no cenário ciberespacial, das redes sociais, do jornalismo das fontes, do chamado jornalismo cívico, comunitário e cidadão.

O professor alemão, que já foi convidado visitante na Universidade Columbia, Universidade Harvard e Universidade Livre de Berlim tem, entre os vários trabalhos escritos recentemente, dois artigos bem atuais: “Jornalismo como a nova profissão do conhecimento e as consequências para o ensino de jornalismo” (2013) e “A profissionalização do jornalismo é possível – e necessário. Para um novo papel do jornalismo” (2013).

As eleições de 2014 no Brasil, com disputas para a Presidência da República, Senado, Câmara dos Deputados, governos estaduais e Assembleias Legislativas, expõem as marcas dos poderes na cobertura jornalística, os interesses que se mesclam claramente ao jornalismo e os enquadramentos em que seguidamente as versões de fatos se impõem sobre os próprios fatos. É uma disputa ideológica, política e econômica da qual faz parte o jornalismo como profissão e a mídia como sistema simbólico de representação imediata da vida social. Wolfgang Donsbach, baseado em sua longa trajetória como pesquisador em renomadas universidades, vai expor porque acredita que o jornalismo é a profissão do conhecimento moderno e o que isso tem a ver com a democracia.

Currículo

Wolfgang Donsbach é professor e fundador do Departamento de Mídia e Comunicação da Universidade Técnica de Dresden. Presidiu a Associação Mundial de Pesquisa de Opinião Pública (1995-1996) e a Associação Internacional de Comunicação (2004-2005). É o editor geral de 12 volumes da Enciclopédia Internacional de Comunicação (Wiley-Blackwell, 2008). Em 2007, recebeu o prêmio Helen-Dinerman-Prêmio WAPOR para realizações extraordinárias em pesquisa de opinião pública e, em 2008, o Prêmio David Swanson em Comunicação Política patrocinado pela Associação Internacional de Comunicação. Seu currículo detalhado está na página pessoal www.donsbach.net

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Francisco José Castilhos Karam é professor na Universidade Federal de Santa Catarina e pesquisador do objETHOS