Thursday, 28 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1281

Daniela Nogueira

A educação é um tema sempre presente no O POVO. Seja em matérias noticiosas, seja em artigos, seja em colunas, o assunto é uma das prioridades do Grupo, que até desenvolve ações dentro dessa temática. A propósito do tema educação, no caderno “Buchicho Meu”, domingo passado, 21/9, uma das colunas chamou a atenção do público leitor. A coluna “Mãe Buchichinho”, na seção “Comprinhas”, mostrava três sugestões de brinquedos. Um boneco que fala, apresentado ao preço de R$ 499,99. Outro boneco com som, com o valor de R$ 269,99. E um arco e flecha, com o preço de R$ 39,99.

Os valores cobrados pelos brinquedos, destacados na coluna, deixaram o leitor Gregório Oliveira, professor e pai, espantado. Em contato comigo, ao indagar sobre o público que o jornal quer atingir com esse tipo de sugestão, ele questionou: “E o combate à publicidade e ao consumismo infantil? Isso não é conteúdo comercial? Avalie se fosse”. O leitor critica a postura do jornal, ao estimular o consumismo exacerbado direcionado às crianças.

A coluna “Mãe Buchichinho” é publicada aos domingos, no caderno Buchicho. A proposta é abordar assuntos relacionados aos primeiros anos da infância e a relação entre pais e filhos. Sempre há sugestões de livros e brinquedos, além de dicas para os cuidados com as crianças.

O que diz a Redação

Editora-executiva do Núcleo de Conteúdo e Negócio, responsável pelo caderno, a jornalista Adailma Mendes comenta o caso: “O que a coluna abordou na seção ‘Comprinhas’ foi mais uma escolha levando em conta a demanda e a oferta do mercado de brinquedos. Da mesma forma como há um brinquedo mais acessível, de R$ 39,99, também optamos por colocar os outros dois, citados pelo leitor, por se tratarem de brinquedos bem populares entre as crianças. O público do jornal é bem diversificado e não exclui vitrines de produtos mais acessíveis ou de maior custo, cabendo à edição procurar contemplar a todos”.

Marketing x jornalismo

A publicidade e o consumismo voltados ao público infantil são temas sempre discutidos por instituições que lidam com infância e educação. Ensinar a consumir com consciência e responsabilidade é um desafio em um mundo cada vez mais dinâmico. A depender de sua faixa etária, a criança não tem senso crítico suficiente para entender como esse consumismo desenfreado pode afetar a sua relação com o mundo.

O jornal tem papel fundamental nesse processo. Por isso, precisa ter cuidado ao tratar de assuntos ligados à educação – uma de suas bandeiras mais fortes. Nesta época pré-Dia das Crianças, a atenção deve ser maior. Ao marketing, cabe o surrado conceito de “satisfazer desejos e necessidades” do público consumidor. Mas, ao jornalismo, cabe informar e orientar o público leitor.

Os comentários no portal

No portal O POVO online, há um espaço abaixo de notícias e colunas para comentários dos leitores. É um canal de comunicação interessante para a colaboração do leitor. O problema é quando as ofensas e os comentários agressivos tomam conta do espaço. Nestes dias de eleições, é preciso um esforço maior da equipe para evitar os insultos.

Juliana Matos Brito, editora-executiva do portal, explica o que está sendo feito como controle: “Os comentários são importantes para a interação dos leitores com o portal. A equipe de desenvolvimento do O POVO Online fez uma melhoria na nossa página de moderação dos comentários, o que permitiu que a Redação, de modo mais simples e ágil, faça um maior controle dessas postagens. Após essa melhoria, já excluímos dois leitores, que não se comportavam adequadamente. Inserimos palavras-chave que já bloqueiam alguns comentários (principalmente palavrões). Estamos nesse processo de mudança e já trouxemos benefícios para essa área do portal. Outras melhorias estão em estudo”.

O problema é quando as ofensas e os comentários agressivos tomam conta do espaço. Nestes dias de eleições, é preciso um esforço maior da equipe para evitar os insultos.

******

Daniela Nogueira é ombudsman do jornalO Povo