Quando vazou documentos que revelavam um gigante programa de espionagem do governo americano, o ex-funcionário da Agência de Segurança Nacional dos EUA Edward Snowden deixou claro que não queria se tornar, ele próprio, protagonista da história. Não foi possível. A curiosidade e o interesse sobre o homem de 29 anos que largou uma vida estável no Havaí para revelar segredos de Estado e se tornar um fugitivo só aumentaram ao longo do último ano.
Snowden acabou conseguindo asilo temporário na Rússia e sua rotina virou alvo de especulação – onde ele vive, se passeia na rua como um cidadão qualquer, se mora sozinho etc. Há alguns meses, o americano concedeu entrevistas a emissoras de TV – uma delas à Rede Globo.
Agora, Snowden tornou-se estrela de um documentário de Laura Poitras, a cineasta que ajudou o jornalista Glenn Greenwald a lidar com o vazamento dos documentos do governo americano. Exibido no Festival de Cinema de Nova York em 10/10, Citizenfour tem estreia prevista para 24/10 nos EUA.
Vida feliz
O filme traz diversas revelações, como a de que existiria um “outro Snowden”, ou seja, outro informante na inteligência dos EUA – este teria um posto mais alto que o de Snowden. Também é revelado que 1,2 milhão de americanos estão em uma lista de vigilância do governo americano – Laura Poitras é uma destas pessoas.
O documentário mostra, ainda, que a namorada de Snowden agora vive com ele em Moscou. “O fato de que ele hoje vive feliz em casa, com a namorada de longa data, a quem ele ama, deveria sepultar a campanha absurda para caracterizar sua vida como horrível e desagradável. Snowden não apenas mudou o modo como o mundo pensa sobre questões políticas profundamente importantes ao desafiar seu mais poderoso governo, como foi capaz de construir uma vida feliz, saudável e plena para si próprio. E se ele pode fazer isso, também podem outros informantes, e é exatamente por isso que foi feito tanto esforço para mostrá-lo de maneira falsa”, escreveu Glenn Greenwald no site The Intercept – fundado por ele e por Laura.