Thursday, 28 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1281

Cadeia para os ‘trolls’?

Do not feed the troll (Não alimente otroll) é uma das regras de ouro na Internet para aqueles que nas redes sociais, páginas abertas a comentários e na vida digital em geral buscam – ou pelo menos tentam – não se ver arrastados por uma enxurrada de insultos, desqualificações e, em algumas ocasiões, ameaças, que infelizmente se transformaram no pão nosso de cada dia. Os trolls são seres que, escorados quase sempre no anonimato de um pseudônimo ou um nome verossímil, mas falso, tornam impossível qualquer conversa e, com seu constante bombardeio de agressividade, fazem com que os usuários interessados por qualquer tema desistam. E se algum usuário responde inadvertidamente às provocações, vê-se arrastado a uma discussão estéril que somente consegue tirá-lo do sério. Outras vezes, os trolls fixam seus objetivos em pessoas, normalmente famosas, às quais atacam sistematicamente em blogues e redes sociais. E às vezes, se sentindo impunes, cruzam a linha e proferem ameaças ou revelam dados pessoais de maneira ilegal.

O ministro da Justiça do Reino Unido, Chris Grayling, revelou que o Governo britânico pensa em quadruplicar as penas de prisão para quem incorrer nesse tipo de delito. Os trolls poderão agora ser condenados a dois anos de prisão. Grayling qualificou esses ciberassediadores que pululam pela web como “veneno das redes sociais” e os acusou de estar “empeçonhando a vida nacional” O anúncio ocorre depois que a filha de um apresentador de televisão foi ameaçada nas redes sociais de ser estuprada, após entrar em uma polêmica na Internet precisamente tendo um delito sexual como tema.

As ameaças e a violação da intimidade são um delito tipificado no Código Penal. Mas há quem, arrastado pelo calor da discussão ou se acreditando a salvo de qualquer consequência de suas ações, agrida outras pessoas na rede. E às vezes de maneira sistemática. Já que de educação pouco entendem, deveriam ao menos entender que na Internet o anonimato não existe. E que não há diferença entre uma ameaça e uma injúria na rede em relação a uma pronunciada cara a cara, embora não se atrevam. O que o Governo britânico disse é que os trolls podem ser alimentados, claro. Mas na cela de uma prisão.