Thursday, 28 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1281

Nota de repúdio à expulsão de equipe do jornal ‘Globo’ da Rocinha

O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro manifesta repúdio à expulsão de uma equipe de reportagem a serviço do jornal ‘O Globo’ da Rocinha na manhã desta sexta-feira (21/11). O atentado, cujo alvo eram os jornalistas, demonstra que o Estado falhou em promover à sociedade garantias básicas da nossa Constituição, como o direito de ir e vir e as liberdades de expressão e de imprensa. Os profissionais foram recebidos a tiros na região da Via Ápia, uma das principais da favela, e, após se refugiarem em uma loja, receberam um aviso de que deveriam deixar o local. Eles foram até lá apurar uma reportagem sobre as desapropriações para as obras do Programa de Aceleração do Crescimento.

O atentado à equipe de reportagem é ainda mais grave por ter ocorrido em favela que tem Unidade de Polícia Pacificadora desde 2012. É o segundo caso de jornalistas expulsos de comunidades com UPP somente em novembro. No início do mês, um repórter do G1 foi agredido no Complexo do Alemão. Os casos desnudam o fracasso de uma política de segurança que aposta no confronto, e não na garantia de direitos, como forma de solucionar a violência decorrente da ‘guerra às drogas’.

Cobramos a apuração e a responsabilização dos envolvidos no ataque aos jornalistas que trabalham em ‘O Globo’, mas também alertamos que o caso não deve ser utilizado como pretexto para o acirramento de uma lógica militar que mata negros e pobres nas favelas da cidade. O Sindicato se põe à disposição dos profissionais para o acompanhamento jurídico necessário e também observará se a empresa cumpriu as recomendações de segurança listadas pelo Ministério Público do Trabalho. Ressaltamos ainda a importância do registro de ocorrência em delegacia.

Entre junho de 2013 e novembro de 2014, o Sindicato tomou conhecimento e providências em relação a 117 casos de violência contra jornalistas no município do Rio de Janeiro. Esses casos ocorreram durante a cobertura de manifestações públicas nas ruas ou em favelas.