Friday, 29 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1281

Mídia ignora charge apelativa para manter jornal como injustiçado

A grande mídia brasileira ignorou a charge que o jornal satírico Charlie Hebdo fez menosprezando o “Túmulo do Soldado Desconhecido”, que fica no Arco do Triunfo, um dos pontos turísticos mais importantes de Paris. Mas, no entanto, parte da população francesa se sentiu incomodada com a brincadeira.

O “Túmulo do Soldado Desconhecido” simboliza as pessoas que lutaram pela liberdade da França e é uma homenagem feita àqueles que deram a vida pelo seu país. Dias atrás, o Arco do Triunfo foi iluminado para homenagear o periódico, mas, no entanto, o Charlie Hebdo decidiu atacar o monumento com suas charges de humor de porta de banheiro público. Na chama eterna, bem no centro do “Túmulo do Soldado Desconhecido” e aos pés do Arco do Triunfo, os chargistas colocaram a seguinte frase: “Eu estou tendo uma ereção”. Isso foi suficiente para inflamar a extrema-direita da França e de toda a Europa.

A imprensa nacional até noticiou o fato, mas escondeu a repercussão que a brincadeira do semanário causou. O Charlie Hebdo sempre foi considerado um veículo de comunicação inexpressivo e de muito mau gosto, sobretudo no que tange às charges que atacam religiões, orientação sexual, raça e nações. O periódico mal imprimia 300 mil exemplares e, após o ataque que deixou 12 mortos, a tiragem passou para 5 milhões, que dá um lucro superior a 8 milhões de euros.

Mas, para a mídia brasileira, o importante é continuar levando a imagem de jornal sério que empregou ao Charlie Hebdo, que tinha apenas 5 mil assinantes em Paris. Vale ressaltar que, se não tivesse sido vítima de ataque terrorista, o Charlie Hebdo poderia fechar as portas em 2015.

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Vanderson Freizer é jornalista