Thursday, 25 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Jornalistas da Al-Jazeera ganham liberdade condicional

Dois jornalistas da rede de TV Al-Jazeera, que ficaram presos no Egito por mais de um ano, foram soltos na última sexta-feira [13/2]. Mohamed Fahmy e Baher Mohammed irão aguardar em liberdade condicional a nova audiência do caso, prevista para acontecer no dia 23/2. Até lá, os dois terão que se apresentar diariamente a uma delegacia de polícia para assinar um documento.

Junto com o correspondente australiano Peter Greste, Fahmy e Mohammed haviam sido acusados – e condenados a até 10 anos de prisão – por disseminar notícias falsas para ajudar a Irmandade Muçulmana, facção político religiosa a que pertence o ex-presidente Mohamed Morsi, deposto em julho de 2013. O julgamento foi considerado injusto e duramente criticado por organizações internacionais em defesa da liberdade de imprensa e dos direitos humanos.

De acordo com a advogada de direitos humanos Amal Clooney, que representa o canadense-egípcio Mohamed Fahmy, não existe nenhuma garantia de que o caso contra os dois jornalistas seja arquivado ou que eles sejam inocentados. “O caso ainda não está encerrado, mas deveria”, afirmou ela.

Amal solicitou que o primeiro-ministro do Canadá interviesse pessoalmente no caso para garantir que as autoridades egípcias deportem Fahmy, que renunciou à nacionalidade egípcia para ser beneficiado por uma lei que concede ao presidente o direito de deportar estrangeiros que estejam em julgamento ou tenham sido condenados.

O Tribunal de Cassação ordenou o novo julgamento do caso afirmando que o processo inicial foi marcado por violações dos direitos dos réus.

Jornalista critica Al-Jazeera e governo canadense

A Al-Jazeera afirmou que a decisão do tribunal foi “um pequeno passo na direção certa”, porém disse que o caso contra os jornalistas tem que ser anulado e os dois devem ser libertados incondicionalmente. Já Mohamed Fahmy celebrou sua liberdade agradecendo à comunidade global de jornalistas pelo apoio recebido. Porém, o jornalista não deixou de criticar algumas das ações tomadas pela Al-Jazeera durante o caso.

“Não tinha ninguém da Al-Jazeera para pagar a minha fiança. Se o meu irmão não tivesse me ajudado com o dinheiro, eu ficaria mais dois dias na prisão. No começo do nosso julgamento, eles contrataram os piores advogados do Egito para nos defender”, denunciou.

Fahmy espera agora ser deportado, assim como ocorreucom Peter Greste, solto há duas semanas e levado de volta para a Austrália. Ele não poupou, no entanto, as críticas ao trabalho do governo canadense. “Eu mesmo tenho que lidar com os ministros egípcios. Por que Harper [primeiro-ministro canadense] não falou com Sissi [Presidente do Egito]? Tony Abbott [primeiro-ministro da Austrália] falou com Sissi três vezes para conseguir que Peter saísse do país”.