“‘A imprensa pode causar mais danos que a bomba atômica. E deixar cicatrizes no cérebro.’ Noam Chomsky, filósofo
O pai abraçado ao corpo inerte do filho de 11 anos, assassinado por causa de uma dívida de R$ 30. O lençol que cobre o corpo do garoto não impede que sejam visualizadas manchas de sangue. O título avisa: ‘Violência em destaque’. A imagem estampada na capa do jornal, na edição do último sábado (5) causou polêmica no O POVO Online dividindo a opinião dos leitores.
‘Será mesmo necessário essa foto tão apelativa na 1ª página? Ah, é que o crime dá audiência, não é?’, reclamou Thiago. ‘Então esconder a realidade, seria melhor?’, rebateu Márcio. Joca acusa o jornal de ser apelativo. Fabrício Araújo e Klinger ressaltam que a imagem é apenas retrato da realidade.
Normalmente O POVO não publica imagens de corpos e sangue. É uma questão de respeito aos leitores, às vítimas e seus familiares. Nem por isso deixa de contar a realidade. Segundo a chefia de Redação, há exceções. E este foi um caso. ‘O objetivo foi de mostrar a banalização da morte e alertar a sociedade para que ela reflita’. A chefia descarta sensacionalismo. ‘São casos pontuais e procuramos sempre uma angulação menos chocante’.
A vida não é bela
De fato, críticas semelhantes foram levantadas pelos leitores em outros casos. Foi assim no assassinato no professor Vicente de Paulo, em setembro, ou ainda na morte do menino Bruce Cristian, ano passado, e do engenheiro civil César Romero, em 2007. Imagens que ocasionaram intensos debates na Redação.
Na verdade, há uma linha tênue entre o alerta e a apelação. Alguns programas policiais e jornais populares seguem o segundo ponto. O POVO não. E deveria banir de vez fotos de cadáveres, mesmo utilizando angulações ‘lights’, onde aparecem só os pés, mãos ou um lençol cobrindo a vítima. A vida não é bela, mas não precisamos piorar.
Esquecidos
Em um país onde o futebol é mania nacional, é normal que o noticiário esportivo foque essa modalidade. Dois leitores, entretanto, reclamam da diminuição do espaço para outras atividades, principalmente às segundas-feiras. Sylvio Pereira sugere até que se mude o nome do tablóide para Futebol. Ele critica a falta de informações da Copa de Vôlei Feminino e da Stock Car na edição do dia 7. Fã de automobilismo, Cristiana Pereira acrescenta o Estadual de Kart na lista.
O editor adjunto de Cotidiano, Rafael Luis, diz que são muitos eventos, o que acarreta na opção por alguns temas. Segundo ele, a opção pelo ioiô ganhou destaque ‘pelo ineditismo’. O editor está correto. Nem sempre é possível estar em todas as competições. Mas é preciso equilíbrio. Investir em novidades sem esquecer o tradicional.
Nocaute
Durante a semana, critiquei a pouca cobertura – breve com foto – sobre a morte de um dos ídolos do boxe, o norte-americano Joe Frazier, que dividiu com Muhammad Ali as atenções da década de 70. Para o editor, o ‘espaço contemplou sua relevância para um jornal regional do Brasil’. Um verdadeiro nocaute na história do pugilismo e desprezo com os fãs cearenses de boxe.
Texto não identificado
Mesmo após tantas reformas, o jornal volta a pecar em situações básicas. Na edição da segunda-feira (7), O POVO publicou, em página inteira, discurso do professor Paulo Bonavides proferido no lançamento de livro na Universidade de Buenos Aires – pasmem – há cerca de 40 dias. Uma leitora, que optou em não se identificar, estranhou. ‘O que é isso? Anúncio, homenagem ou o quê? Não agrega qualquer informação’, criticou. Ela tem razão. O texto não tem indicativo de editoria e possui padrão bem diferente do projeto gráfico do jornal. Parece jogado na página. Afinal, o que é?
A chefia de Redação disse que o texto era uma homenagem ao seu autor, também membro do Conselho Editorial. ‘Pensávamos que não iria ficar tão descontextualizado, uma vez que foi explicado no abre que era a reprodução do discurso dele. Agora, de fato, por um erro, fugiu ao padrão’. Homenagem ou não, o leitor merecia ser informado da interferência. Há recursos gráficos para isso. Até mesmo em respeito ao homenageado.
Resto das férias
O atendimento ao leitor será suspenso pelo ombudsman amanhã, terça e quarta-feira, voltando ao normal dia 17. As observações podem ser deixadas na secretária eletrônica.
ESQUECIDO PELA MÍDIA: Obra de revitalização da Praça do Mirante prometida para conclusão em outubro.
FOMOS BEM
SÉRIE que mostrou situação do setor de emergência dos grandes hospitais de Fortaleza.
FOMOS MAL
O JORNAL foi furado na prisão do traficante Nem.”