Thursday, 25 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

A objetividade do jornalismo na era das redes sociais

Em resposta às rápidas mudanças no ambiente midiático, muitos programas acadêmicos nos EUA estão oferecendo novas disciplinas nos cursos de jornalismo. As novidades criam tensão dentro dos programas, especialmente no que se refere a como ensinar ética para uma imprensa cada vez mais multimídia, comenta Stephen Ward [Media Shift, 27/7/11].

Hoje, estudantes não apenas aprendem a publicar as informações sob a pressão do deadline ou são ensinados que suas matérias devem ser neutras ou objetivas. Eles também têm que aprender a escrever blogs, fazer uso das redes sociais, escrever artigos investigativos e explorar o jornalismo opinativo. De algum modo, as faculdades de jornalismo já vinham ensinando a escrever editoriais. Mas a quantidade de jornalismo de opinião nos programas é atualmente muito maior do que no passado e os formatos para expressão deste tipo de jornalismo se multiplicam.

Uma outra questão é se o ideal da objetividade jornalística deve ser enfatizado neste novo currículo acadêmico. O novo jornalismo tende a ser mais pessoal, preferindo transparência a objetividade ou neutralidade. Há uma tendência, em programas jornalísticos, a ensinar jornalismo de modo a tirar conclusões e interpretações. Isto questiona a dominância anterior da objetividade como um ideal.

Uma possível solução seria redefinir, e não abandonar, a objetividade como um dos princípios que definem jornalismo responsável, avalia Ward. Além disso, deveriam ser desenvolvidas normas éticas para formatos específicos encontrados nas novas mídias.

Questões sobre a objetividade

A noção tradicional de objetividade jornalística, desenvolvida nos anos 90, definia objetividade como uma matéria que divulgava apenas os fatos e eliminava todas as interpretações ou opiniões do jornalista. Esta noção de objetividade deve ser abandonada, por ser antiquada e dualista.

Objetividade não é uma neutralidade perfeita ou eliminação da interpretação. Ela se refere ao desejo de uma pessoa em usar métodos objetivos para testar interpretações para identificar tendências e imprecisões. Objetividade como método é compatível com o jornalismo que interpreta e assume pontos de vista. O ideal de objetividade, entretanto, não deve ser abandonado porque apoia atitudes jornalísticas importantes.

A ética jornalística não é igual para todos os meios, mas princípios gerais como independência editorial, compromiso com a verdade, objetividade e precisão aplicam-se em todas as formas de jornalismo responsável. Entretanto, além destes princípios, normas mais específicas aplicam-se a diferentes tipos de práticas jornalísticas. Objetivos e normas do jornalismo satírico, por exemplo, não são os mesmos que os de um âncora de TV.