Friday, 29 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1281

Cinco condenados pelo assassinato de jornalista russa

Cinco homens foram condenados, na terça-feira [20/5], pelo assassinato da jornalista russa Anna Politkovskaya, ocorrido em outubro de 2006. Repórter investigativa do jornal independente Novaya Gazeta e conhecidamente crítica às políticas do Kremlin e ao presidente Vladimir Putin, Anna foi morta a tiros no saguão do prédio onde morava, em Moscou. Os réus são três irmãos chechenos, o tio deles e um ex-oficial da polícia de Moscou.

De acordo com as investigações, Lom-Ali Gaitukayev, o tio dos chechenos, foi responsável por organizar a logística do assassinato, sendo que, na data do crime, ele se encontrava na cadeia. O ex-policial Sergei Khadzhikurbanov ficou encarregado de preparar a execução e os irmãos Ibragim e Dzhabrail Makhmudov ajudaram a rastrear os passos de Anna. Rustam Makhmudov, o terceiro irmão, foi apontado como o autor dos disparos.

Ibragim, Dzhabrail e Khadzhikurbanov já haviam sido absolvidos num julgamento anterior, em 2009, mas o veredicto causou enorme constrangimento à promotoria russa e acabou sendo anulado. Agora, os cinco homens, que ainda não receberam a sentença, podem ser condenados à prisão perpétua. Seus advogados disseram que vão recorrer da decisão.

O mandante não foi identificado

O assassinato de Anna Politkovskaya chamou a atenção para os riscos enfrentados por quem desafia as autoridades russas, aprofundando as preocupações do Ocidente para com o Estado de direito do governo de Putin.

Embora as condenações tenham sido consideradas uma vitória para os promotores russos e para o Estado, ativistas de direitos humanos e parentes de Anna dizem que a justiça não estará completa enquanto os verdadeiros mandantes do crime não forem identificados e condenados.

“O assassinato só estará solucionado quando soubermos o nome do mandante”, declarou Anna Stavitskaya, advogada que representa a família da jornalista. Embora tenha recebido bem o veredicto, ela ressaltou que os cinco condenados “são apenas uma parte das pessoas que devem ser levadas à justiça”.

Vladimir Markin, porta-voz do comitê federal de investigação, disse que as autoridades vêm fazendo todo o possível para identificar e rastrear a pessoa por trás da morte de Anna. Críticos do Kremlin dizem duvidar que o mandante seja identificado um dia, pois as investigações podem levar a alguém muito próximo ao governo.

Legado

Anna tinha 48 anos quando foi morta. Ela era conhecida por suas reportagens obstinadas sobre violações dos direitos humanos na província do Cáucaso, no norte da Chechênia.

Em 2007, o grupo defensor do direito das mulheres RAW in WAR (Reach All Women in WAR) criou o Anna Politkovskaya Award, um prêmio concedido anualmente a figuras femininas que tenham dado contribuições à liberdade e aos direitos humanos.