Thursday, 28 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1281

Cobertura da morte de Robin Williams tem gafes e pedidos de desculpas

A combinação de longas horas de cobertura dos canais de notícias a cabo e incidentes dramáticos, como a morte do ator Robin Williams, costuma acabar em gafes e pedidos de desculpas. Williams foi encontrado morto em sua casa, na California, na segunda-feira [11/8]. O que se especulava, horas após o anúncio, era que o ator – que por muitos anos lutou contra a depressão – teria cometido suicídio, o que foi confirmado no dia seguinte pela polícia. Com horas e mais horas de cobertura ao vivo, alguns âncoras e repórteres de canais a cabo americanos acabaram se enrolando nas palavras.

Nischelle Turner, repórter da CNN, foi criticada por usar o termo “demônios” para descrever o estado mental de Robin Williams. Ainda no ar, Nischelle se desculpou. “Estou recebendo muitos comentários da comunidade de saúde mental pelo uso desta palavra”, afirmou. “Muitas vezes, quando estamos fazendo cobertura ao vivo, falamos e não nos damos conta do que estamos dizendo. Eles estão absolutamente corretos. Trata-se de uma doença, e eu peço desculpas pelo uso da palavra demônios”.

Já o âncora Shepard Smith, da Fox News, chamou Williams de “covarde” após ler uma frase do ator sobre seus filhos. “Eles [os filhos] inspiram você e o animam e o enchem do tipo de felicidade que você nunca conheceria de outro jeito. Mas algo dentro de você é tão horrível, ou você é tão covarde, ou seja qual for a razão, que você decide que tem que pôr um fim. Robin Williams, aos 63 anos, fez isso hoje”, afirmou o jornalista, ao vivo.

Smith foi imediatamente criticado nas redes sociais pelo uso da palavra “covarde”. Posteriormente, ele afirmou que usou o termo de forma inocente e que, se ofendeu a família de Williams, pedia desculpas do fundo de seu coração.

Sem valor jornalístico

O canal ABC News recebeu críticas furiosas nas redes sociais por transmitir, em seu site, imagens aéreas da casa do ator em tempo real – pouco tempo depois da viúva de Williams divulgar uma declaração pedindo que a privacidade da família fosse respeitada. A transmissão acabou sendo removida do site em menos de uma hora, e a emissora emitiu uma nota de desculpas: “Quando percebemos que não havia valor jornalístico naquela transmissão ao vivo, a tiramos do ar imediatamente. Nossa intenção não era ser insensível com a família, amigos e fãs [de Robin Williams], e por isso nós pedimos desculpas”.

Na terça-feira [12/8], após a coletiva de imprensa em que a polícia confirmou a causa da morte e descreveu em detalhes a cena, a cobertura televisiva preferiu reproduzir estes detalhes a abrir um debate mais amplo sobre depressão, por exemplo, criticou o editor de mídia Jack Mirkinson em artigo no Huffington Post. “Gretchen Carlson, da Fox News, após admitir que foi difícil ouvir a coletiva de imprensa, perguntou a seu convidado sobre o nível de rigor mortis de Williams, como se isso pudesse acresentar algo sobre a situação”, escreveu ele, citando ainda Brooke Baldwin, da CNN, que debateu com seu convidado “quais as formas mais comuns de suicídio, como se isso fosse um dado importante”. Mirkinson concluiu: “Parecia haver pouco valor jornalístico nessas divulgações, a não ser mostrar que os âncoras tinham certas informações na sua frente e sentiram a necessidade de compartilhá-las.”