Friday, 19 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Com jornal em crise, diretora do ‘Le Monde’ deixa o cargo

No mesmo dia do supreendente anúncio da demissão de Jill Abramson do comando do New York Times, outro tradicional jornal – o francês Le Monde – também foi atingido por mudanças. Natalie Nougayrède, primeira mulher a chefiar o Monde depois que os cargos de diretor e editor-chefe foram fundidos, anunciou sua saída na quarta-feira [14/5]. Ela havia assumido o posto em março do ano passado, no lugar de Érik Izraelewicz, morto meses antes vítima de um infarto.

A saída de Natalie ocorre após meses de crise no jornal por conta de desacordos sobre um plano de reestruturação, incluindo o processo de unificação do impresso com o meio digital, e de críticas sobre o estilo de gerenciamento da diretora. Na semana passada, sete dos 10 redatores-chefes pediram demissão, alegando desgaste na relação com uma liderança que, segundo eles, não se comunicava, os consultava ou atendia a seus pedidos. Três dias depois, dois diretores adjuntos, Vincent Giret e Michel Guerrin, que também eram criticados pela redação, pediram demissão.

Desandou

Natalie era vista por alguns funcionários como “autoritária”, e a relação com a equipe editorial desandou de vez após o anúncio, em fevereiro, de um plano para transferir mais de 50 jornalistas do jornal impresso para outros serviços do Monde, a maioria para a edição online. Parte da redação temia que o plano de reestruturação pudesse acabar em uma demissão em massa. Em uma mensagem aos funcionários, Natalie argumentou que os “ataques diretos e pessoais” a seu trabalho e a falta de apoio por parte da redação a impediam de levar adiante o programa de reforma que havia prometido aos acionistas.

O trio de acionistas majoritários do diário, Pierre Bergé, Xavier Niel e Matthieu Pigasse, indicou um diretor interino, o jornalista Gilles van Kote, para substituir Natalie, e escreveu em uma mensagem à equipe que um novo diretor será nomeado até o fim do ano. Van Kote é vice-presidente do conselho fiscalizador do Monde.

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