Teve o tom de uma conversa atilada a entrevista que Alberto Dines fez com Otávio Frias Filho, diretor editorial da Folha de S. Paulo, no programa de TV do Observatório da Imprensa de terça-feira (21/5). Os principais problemas do jornalismo brasileiro foram examinados de modo transparente: ameaças à independência e à qualidade, autorregulação, concorrência sem quartel, dilemas do impresso após o advento da internet, entre outros.
Frias Filho disse que está cada vez mais propenso a adotar como mote uma boutade de Xico Sá, colaborador da Folha: “O jornalismo é como a barata: nunca vai acabar”.
Chamou a atenção a constância de algumas opiniões de Frias Filho. Dines fez projetar trechos de entrevista que o jornalista lhe concedera quinze anos antes, quando nascia o Observatório na TV.
Crítica à concentração
Frias Filho lamentava então a escassez de jornais e revistas representativos de múltiplos pontos de vista, o que voltou a fazer agora, antes da projeção. Da mesma maneira, defendeu nas duas ocasiões a opção da Folha de ter um ombudsman, como expressão de uma concepção calcada no reconhecimento de erros e falhas do trabalho do jornal e de respeito ao leitor.
Na emissão de terça-feira, comemorativa do 15O aniversário do programa, Frias Filho também voltou a se manifestar contra a propriedade cruzada de meios de comunicação, de que a Rede Globo era, em 1998, a expressão mais relevante.
Agora, cristalizaram-se no debate a posse de meios de comunicação por políticos e por organizações religiosas. O dirigente da Folha considera difícil encontrar um modo de impedir que essa apropriação ocorra.
Ele manifestou satisfação com a trajetória da Associação Nacional de Jornais (ANJ), que “nasceu para tratar de interesses econômicos das empresas e avançou em outras direções, como a defesa da liberdade de imprensa e de condições para que os jornalistas exerçam plenamente sua atividade”.