O governo americano admitiu, após reportagens dos jornais Washington Post e The Guardian, que vem coletando dados pessoais de estrangeiros na internet. O programa secreto, chamado de PRISM, permite que o FBI e a Agência de Segurança Nacional vasculhem dados, incluindo emails, registros de chats, mensagens em redes sociais e conteúdo de áudio e vídeo. O objetivo da coleta de informações online seria ajudar analistas a rastrear os movimentos e contatos de pessoas consideradas suspeitas de atividade terrorista.
Na quinta-feira [6/6], James Clapper, diretor de inteligência dos EUA, confirmou a existência do PRISM – e de outro programa, também revelado esta semana, no qual a Verizon, maior companhia telefônica do país, entregou ao governo registros de ligações de seus clientes. Clapper afirmou que ambos os programas são legais e necessários para a segurança nacional. Ele disse ainda que um tribunal especial, o Congresso e a Casa Branca os supervisionam, e que os dados de cidadãos americanos coletados acidentalmente na internet são mínimos.
O governo de Barack Obama vem sofrendo críticas por escândalos ligados à vigilância de cidadãos, depois que descobriu-se que o Departamento de Justiça teria monitorado ligações telefônicas de jornalistas da agência de notícias Associated Press e do correspondente da Fox News em Washington, James Rosen.
Em nome da segurança
Nesta sexta-feira [7/6], Obama defendeu os programas de monitoramento e ressaltou que o governo americano não se tornou um “Big Brother” das comunicações. “Ninguém está ouvindo suas ligações telefônicas”, assegurou o presidente. “Este programa não trata disso”. Ele completou que os programas ajudam a combater atentados terroristas e que são rigorosamente fiscalizados pelo Congresso.
Obama reconheceu que o público possa ficar apreensivo, mas disse acreditar que o governo conseguiu estabelecer um equilíbrio entre o combate ao terrorismo e a necessidade de proteção à privacidade. “Você não pode ter 100% de segurança e 100% de privacidade com zero inconveniente”, afirmou. O presidente ainda defendeu o sistema de sigilo de informações governamentais e sugeriu que os vazamentos prejudicam os esforços das autoridades para proteger a população.
Resposta
Também nesta sexta, os presidentes e fundadores do Facebook, Mark Zuckerberg, e do Google, Larry Page, emitiram notas negando que suas empresas tenham colaborado com a coleta de dados do governo. Em um post no Facebook, Zuckerberg criticou as reportagens que afirmavam que grandes companhias de internet americanas teriam fornecido informações de usuários às autoridades. Ele disse que nunca havia ouvido falar do programa e que nunca recebeu nenhuma ordem para que entregasse dados ao governo. No blog do Google, Page assina uma nota junto com o chefe do setor jurídico da empresa, David Drummond, onde diz que as alegações da imprensa são falsas e também afirma desconhecer o PRISM.