Friday, 19 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Noticiário perdeu com novo formato

‘Algo extraordinário foi trocado pelo comum’. A frase faz parte da crítica de Robert Bianco, do USA Today [30/11/05], à estréia do remodelado Nightline, na segunda-feira. Bianco afirma que, na tentativa de se afastar do modelo clássico de apresentação de Ted Koppel – que o fez por 25 anos –, o programa da ABC perdeu seu tom.


O crítico ressalta que, apesar de bem produzido, Nightline virou apenas mais um entre tantos telejornais parecidos na televisão americana. ‘A falha fatal foi a destruição do formato antigo: um apresentador nos guiando por um tópico durante meia hora’, diz Bianco. A nova versão traz três apresentadores. Enquanto Terry Moran ancora de Washington, Cynthia McFadden e Martin Bashir ficam em Nova York. Os temas por noite também se multiplicaram, e por isso perderam em análise e aprofundamento.


Cynthia assume o tradicional papel de âncora, introduzindo matérias dos outros apresentadores. Moran, neste primeiro programa, reportou do Iraque. O jornalista britânico Martin Bashir, que poderia ser considerado o elemento mais ousado do novo formato – ele ficou conhecido pelo documentário sobre Michael Jackson que levou o cantor a ser processado por abuso de menores e por entrevistas sensacionalistas com celebridades, como a princesa Diana –, acabou mostrando seu lado mais ameno.


‘Nós poderemos ver melhora nas próximas semanas, mas com a estrutura atual, o programa nunca será Nightline‘, sentencia o crítico. ‘A ABC sacrificou o que fazia dele algo especial na busca por conquistar um público que, a emissora assume, não tem habilidade para processar idéias complexas’.


Segundo Bianco, os telespectadores irão encontrar daqui em diante um noticiário competente, mas que deixou de ser ‘um programa que você fica acordado para assistir’ para se tornar um programa que ‘você assiste se estiver acordado’.