Saturday, 20 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

O vestido – azul e preto – que parou as redes sociais

Era apenas a foto de um vestido. Mas virou a sensação das redes sociais e trocas de mensagens pelo Whatsapp na quinta-feira [26/2], por conta de uma questão aparentemente simples, mas bastante polêmica: quais as cores do vestido? Há quem veja azul e preto, há quem tenha certeza absoluta que se trata de branco com dourado. Voilà, temos um viral.

O vestido foi usado em um casamento – pela mãe da noiva – em uma ilha escocesa. Originalmente, a foto foi postada pela noiva na internet. Intrigada com a cor, uma jovem que fazia parte da banda que tocou na festa publicou a imagem em um Tumblr com a fatídica pergunta e, em meia hora, o post já tinha mais de 500 curtidas e compartilhamentos. Uma hora mais tarde, este número havia crescido para as dezenas de milhares, com a foto espalhada em redes como o Facebook e o Twitter. “Eu só queria uma resposta porque aquilo estava mexendo com a minha cabeça”, contou ao New York Times a cantora e guitarrista Caitlin McNeill, que deu início ao fenômeno.

Sim, ela contou ao New York Times porque até o New York Times foi atrás da história, assim como todos os grandes jornais brasileiros, com diferentes abordagens – aqui, artigos nos sites da Folha de S. Paulo, Estadão e O Globo. A revista online Slate, por sua vez, compilou as opiniões das celebridades que se manifestaram sobre o importante assunto e fez um gráfico mostrando quem achava que o vestido era azul e preto e quem acreditava que ele era branco e dourado.

 

 

A rede de TV americana CNN entrevistou a estilista do vestido, que garantiu que ele é azul e preto – apesar de, em uma enquete no BuzzFeed, a opção “branco e dourado” ter vencido a disputa com 70% dos votos.

O BuzzFeed, por sinal, fez uma ampla cobertura da história do vestido, com artigos como “Esta segunda foto do vestido prova definitivamente que ele é azul e preto”, “O vestido é azul e preto, diz a garota que o viu pessoalmente” e “Por que as pessoas estão vendo cores diferentes no diabo do vestido?”.

Interação humana

Na tarde de sexta-feira [27/2], a enquete sobre o vestido já contava com 28 milhões de pageviews. “Definitivamente pareceu uma coisa especial”, explicou o editor-chefe do BuzzFeed, Ben Smith. “Meio que apagou a linha entre a cultura da internet e a cultura real.”

O especialista em viralidade na internet Neetzan Zimmerman foi entrevistado no site Motherboard, da Vice, e tentou explicar o fenômeno: “Nós gostamos de discutir, gostamos de estar certos, gostamos de provar que outras pessoas estão erradas, gostamos de escolher lados, e gostamos de compartilhar nossa opinião não solicitada, e o Facebook, o Twitter e o Instagram fizeram de nós centros de nossos próprios universos, e cada pedaço de conteúdo é um novo planeta, e cada seguidor é mais um habitante deste planeta que faz com que a gente se sinta como deuses”. Para Zimmerman, por sinal, o vestido era azul e preto. Ponto para ele.

Mas, como ressaltou a editora Amanda Hess em artigo intitulado “Como um vestido uniu a internet”, publicado na Slate, “não importa a combinação de cores que você viu no vestido. Ninguém estava errado. Ambas as opiniões tinham explicações neurológicas”. A polêmica parece ter feito sucesso porque, ao contrário de muitos fenômenos criados nas redes sociais, clamava por interação humana. “Por levantar questões de percepção e luz, o melhor para o quebra-cabeça do vestido seria olhar para ele na mesma tela, no mesmo cômodo, do mesmo ângulo que outra pessoa. Eu estava sozinha no meu apartamento quando vi o vestido, e desejei que mais alguém estivesse comigo para olhar para a tela. Foi um meme raro que pedia instantaneamente um tipo mais tradicional de conexão humana”, resumiu Amanda.