Três edifícios onde funcionam jornais sofreram ataques com granadas, no mesmo dia, no norte do México. Ataques a veículos e profissionais de imprensa não são raros na região, mas os incidentes desta semana [10/7] assustaram pelo volume – em um deles, também foram disparados tiros contra a fachada. Ninguém ficou ferido.
Os alvos foram o diário El Mañana, em Nuevo Laredo, que já havia sofrido outro ataque em maio; e os suplementos do jornal El Norte La Silla, em Monterrey, e Linda Vista, produzido em Guadalupe. O jornal já havia sofrido três ataques parecidos nos últimos dois anos, e as autoridades nunca identificaram os responsáveis.
Curiosamente, o El Norte não cobre assuntos sensíveis ou publica matérias que normalmente colocariam sua equipe em risco direto. O El Mañana – que teve um editor assassinado em 2004 – reduziu sua cobertura policial nos últimos anos justamente por temer represálias do crime organizado.
Segundo a organização Repórteres Sem Fronteiras, 85 jornalistas foram mortos e 15 desapareceram na última década no México.
Eleição e intimidação
A organização afirma que, desde a eleição presidencial, no início de julho, a imprensa mexicana tem sofrido ameaças e atos de intimidação. O temor é que isso leve a mais autocensura no país. Uma companhia que possui a concessão de bancas de jornal, por exemplo, recusou-se a vender uma edição da revista semanal Proceso que trazia na capa uma foto do presidente eleito, Enrique Peña Nieto, com a frase “Eleição comprada”.
A edição incluía uma matéria sobre as ligações entre Peña Nieto e a empresa de bancas de jornais. A edição anterior da Proceso sofreu o mesmo problema: sua capa mostrava o logo da emissora de TV Televisa com a faixa presidencial, porque sua cobertura eleitoral foi considerada bastante parcial. O candidato do Partido Revolucionário Institucional (PRI) venceu o pleito com 38% dos votos. Partidos da oposição denunciaram a existência de suposta fraude na contagem final. Com informações da RSF [11/7/12].
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