Wednesday, 24 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

TSE libera entrevistas com pré-candidatos

Leia abaixo a seleção de sexta-feira para a seção Entre Aspas.


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Estadão Online


Sexta-feira, 27 de junho de 2008


 


‘PROPAGANDA’
Felipe Recondo


TSE decide liberar entrevistas de pré-candidatos à imprensa, 26/6


‘BRASÍLIA – Por seis votos a um, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) alterou nesta quinta-feira, 26, a resolução para as eleições deste ano e liberou as entrevistas de pré-candidatos aos jornais, revistas TVs e rádios para tratar das propostas de campanha. Rádios e TVs, no entanto, devem garantir que os pré-candidatos terão tratamento igualitário. Para jornais e revistas, não há essa determinação. Em caso de abusos, candidatos e o Ministério Público Eleitoral podem acionar a Justiça, como já está previsto na lei eleitoral, de 1997.


Com essa decisão, a representação do Ministério Público contra o jornal O Estado de S. Paulo, por publicar a entrevista com o prefeito de São Paulo e candidato à reeleição, Gilberto Kassab, e as multas aplicadas ao jornal Folha de S.Paulo e à revista Veja perderão eficácia, na avaliação de ministros consultados, mas que preferiram não se pronunciar antecipadamente. No caso do Estado, a representação foi considerada improcedente na última quarta-feira e o processo, arquivado. Mas o Ministério Público ainda pode recorrer ao TRE.


A representação e as multas se baseavam justamente no artigo da resolução do TSE revogada nesta quinta. Assim, não haverá mais base legal para sustentar essas decisões. O artigo revogado da resolução vedava a publicação ou veiculação de entrevistas com pré-candidatos para tratar de suas propostas de campanha.


‘Mesmo na fase pré-eleitoral é bom que o pré-candidato diga a que veio, até para servir de disputa nas convenções partidárias (que escolhem os candidatos)’, afirmou o presidente do TSE, Carlos Ayres Britto.


A mudança na regra só foi possível porque dois dos ministros que se disseram contrários à alteração imediata da da resolução na sessão dessa terça-feira – Eros Grau e Ari Pargendler – não compareceram à reunião do TSE. No lugar deles, votaram o ministro Ricardo Lewandowski e Fernando Gonçalves, ambos favoráveis à alteração da resolução. ‘A proposta homenageia as liberdades de informação e de imprensa’, justificou Lewandowski em seu voto.’


 


 


 


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Folha de S. Paulo


Sexta-feira, 27 de junho de 2008


 


‘PROPAGANDA’
Felipe Seligman


TSE muda resolução e libera entrevistas com candidatos


‘O TSE (Tribunal Superior Eleitoral) decidiu ontem, por 6 votos a 1, modificar a resolução da corte sobre propaganda eleitoral que deu margem para a Justiça Eleitoral de São Paulo mover ações contra veículos de comunicação que publicaram entrevistas com pré-candidatos à sucessão municipal.


Os ministros revogaram o artigo 24, que proibia os pré-candidatos de ‘expor propostas de campanha’ antes do início da campanha eleitoral, e criaram um novo artigo que diz: ‘Os pré-candidatos e candidatos poderão participar de entrevistas, debates e encontros antes de 6 de julho de 2008 [data oficial do início da campanha], inclusive com a exposição de plataformas e projetos políticos, observado, pelas emissoras de rádio e de televisão, o dever de conferir tratamento isonômico aos que se encontrarem em situação semelhante’.


Um parágrafo único também foi inserido, afirmando que abusos e excessos serão apurados e punidos de acordo com legislação já existente.


Segundo o presidente do TSE, ministro Carlos Ayres Britto, as rádios e televisões foram citadas no novo artigo por se tratarem de concessão pública. Sendo assim, ficam obrigadas a dar o mesmo espaço aos candidatos e pré-candidatos que venham a entrevistar. Os jornais e revistas, por outro lado, não têm essa obrigação.


O presidente do TSE levou o assunto ao plenário motivado pela recente decisão da 1ª Zona Eleitoral de São Paulo, que multou as empresas que editam a Folha e a revista ‘Veja São Paulo’ e a pré-candidata Marta Suplicy, alegando suposta propaganda em entrevistas publicadas no início de junho.


Essa mesma zona eleitoral multou novamente a ‘Veja São Paulo’ por outra entrevista, dessa vez com o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM), candidato à reeleição. Em todas as condenações, o artigo 24, agora extinto, foi aplicado. Os recursos, portanto, devem cancelar as multas, com base na mudança da resolução.


Democracia


Assim que levou o tema ao plenário, na última terça, Ayres Britto afirmou que ‘não há que se falar de propaganda antecipada nos jornais. Pelo contrário. É bom que o candidato exponha sua opinião em época eleitoral, que é o clímax da democracia. É um período que deve ser aproveitado para que a população conheça seus possíveis candidatos e que se tornarão candidatos mesmos’.


No dia, Britto sofreu resistência de três ministros: Ari Pargendler, Eros Grau e Marcelo Ribeiro. Os dois primeiros, porém, não estavam presentes ontem, substituídos pelos ministros Ricardo Lewandowski e Fernando Gonçalves.


Ambos votaram com Ayres Britto, que também foi seguido por Joaquim Barbosa, Caputo Bastos e Felix Fischer. Marcelo Ribeiro, que já havia demonstrado descontentamento com a mudança, foi o único vencido.


Ainda no dia em que apresentou sua idéia, Ayres Britto chegou a dizer que a resolução do TSE significava o seguinte: ‘Mãe, posso ir na piscina? Sim, tesouro, mas não vai se molhar’. Ontem, Caputo Bastos afirmou que a mudança deixa claro que o que se pune é o ‘abuso, não o uso’. ‘Temos que raciocinar que o ilícito é a exceção e não a regra’, afirmou.


Os ministros resistentes alegaram que o ‘polêmico debate’ sobre a possível mudança só valeria por 11 dias. Ontem, Ayres Britto respondeu: ‘Ainda que seja por 11 dias, não se pode perder um minuto sequer para a gente afirmar a liberdade de pensamento, de informação’.’


 


 


O que mudou


‘COMO ERA


O artigo 24 da resolução 22.718/2008 dizia que os pré-candidatos poderiam participar de entrevistas, debates e encontros antes de 6 de julho, desde que não expusessem propostas de campanha


COMO FICOU


O artigo foi revogado. Foi criado o artigo 17 no capítulo 2 da mesma resolução


O artigo diz que os pré-candidatos e candidatos podem participar de entrevistas, debates e encontros antes de 6 de julho, inclusive com a exposição de plataformas e projetos políticos, observado, pelas emissoras de rádio e TV, o dever de conferir tratamento isonômico aos que se encontrarem em situação semelhante (resolução/TSE 21.072)


Foi incluído um parágrafo único no artigo 17, que diz que eventuais abusos e excessos, assim como as demais formas de uso indevido do meio de comunicação, serão apurados e punidos nos termos do art. 22 da lei complementar nº 64/90, sem prejuízo, se for o caso, da representação a que alude o artigo 96 da lei 9.504/97′


 


 


IMPRENSA NA JUSTIÇA
Folha de S. Paulo


Juíza de SC rejeita ação contra a Folha


‘A juíza da 2ª Vara Cível de Xanxerê (SC), Maira Salete Meneghetti, rejeitou a ação de indenização movida em nome de um fiel da Igreja Universal do Reino de Deus contra a Folha e a jornalista Elvira Lobato.


Na sentença, Meneghetti entendeu que o fiel João Carlos dos Santos Mello não era parte legítima para representar contra o jornal. A reportagem ‘não menciona o nome do autor, não difama os fiéis da igreja e muito menos ‘acusa de bandidos todos os dizimistas da Iurd’, como quer o autor na sua esforçada, para não dizer forçada, explanação’.


Para a juíza de Xanxerê, a cerca de 550 quilômetros de Florianópolis, se houve alguma ofensa, ‘não foi com certeza sofrida pelo autor, muito menos em sua honra subjetiva, por mais suscetível que possa o autor ser’.


Até ontem, foram ajuizadas 97 ações em nome de fiéis que se dizem ofendidos com a reportagem ‘Universal chega aos 30 anos com império empresarial’, publicada em dezembro. Foram proferidas 38 sentenças, todas favoráveis ao jornal.’


 


 


CENSURA
Lilian Christofoletti


Entidade defende magistrado que barrou reportagem em SP


‘O presidente da Ajufe (Associação dos Juízes Federais do Brasil), Fernando César Baptista de Mattos, divulgou nota ontem em defesa do juiz federal Ricardo Geraldo Resende Silveira, que foi criticado por ter proibido a publicação de uma reportagem pelo ‘Jornal da Tarde’, do Grupo Estado.


O veto à publicação foi feito a pedido do Cremesp (Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo), que era o foco de uma reportagem sobre supostas irregularidades apontadas pelo TCU (Tribunal de Contas da União).


Ontem, conforme o presidente do Cremesp, Henrique Carlos Gonçalves, a entidade decidiu retirar a ação contra o ‘Jornal da Tarde’ e protocolou um pedido de extinção do processo na 10ª Vara da Justiça Federal, em São Paulo.


Para o presidente da Ajufe, é preciso esclarecer que não houve censura à reportagem. ‘Para assegurar o direito de ampla defesa das partes, o juiz determinou que o réu, o jornal ‘O Estado de S.Paulo’, se manifestasse sobre o pedido do autor, que pretendia impedir a publicação da reportagem, no prazo de 72 horas’, informou Mattos.’


 


 


TRIBOS
Nelson Motta


Todos contra todos


‘ROMA – Além de todas as suas belezas e graças conhecidas, a Itália moderna tem um outro lado, não tão belo, de regionalismo exacerbado, que teve uma de suas mais completas traduções numa histórica pesquisa realizada pela rádio Radicale nos anos 80.


Para tentar saber o que realmente pensavam os italianos, durante um mês, a rádio abriu seus telefones e secretárias eletrônicas para qualquer um dizer, em 30 segundos, o que quisesse, livre e anonimamente, apenas informando de onde falava. Sem nenhuma censura ou edição, tudo foi ao ar.


Foi a maior coleção de insultos, ofensas, blasfêmias e vitupérios que a Itália já ouviu. Um assustador, e hilariante, festival de ódio. Napolitanos esculachando milaneses, romanos arrasando sicilianos, turineses caindo de pau em venezianos, todos detonando os florentinos, e assim por diante, nos mais diversos sotaques.


E não só por rivalidades futebolísticas. Unificada, à força, há apenas 152 anos, a Itália reuniu o Reino de Nápoles e da Sicília ao do Piemonte e da Sardenha, a República de Veneza à Toscana e à Lombardia, cada qual com sua cultura e sua língua, acostumados a guerrear entre si por séculos e gerações.


E a luta continua. Romanos dizem que Nápoles não é sul da Itália, mas norte da África. Em Florença falam que é melhor ter um morto em casa do que um milanês batendo à porta.


Só a Azzurra, a seleção de futebol, é capaz de unir tribos tão diversas e antagônicas. Na ressaca da chinelada que levaram da Espanha na Eurocopa, os italianos estão devastados. Pior seria se os turcos fossem campeões: ‘A Turquia é Oriente Médio, não faz parte da Europa. Por que não convidaram também Uganda?’, rosnam os berlusconianos mais radicais, ameaçando um boicote ao kebab.’


 


 


ELEIÇÕES 2008
Catia Seabra


Ex-marqueteiro de Alckmin vai atuar na campanha de Kassab


‘Responsável por três campanhas do tucano Geraldo Alckmin -entre elas, a presidencial de 2006-, o jornalista Luiz Gonzalez assumirá a coordenação de comunicação da candidatura de Gilberto Kassab (DEM) à reeleição.


Segundo aliados do prefeito, Kassab e Gonzalez tiveram uma conversa na quarta-feira, da qual teriam saído satisfeitos. Mas a decisão de Gonzalez só deverá ser oficializada na semana que vem, quando volta de uma viagem ao exterior.


Embora Gonzalez não tenha anunciado formalmente a decisão -que põe fim a um ‘casamento’ de 14 anos com os tucanos- há indícios de que sua contratação esteja consolidada.


O mais gritante está no fato de o publicitário José Maria Braga ter aceitado convites para coordenação de duas outras campanhas municipais no Estado: Bauru e Campinas.


Por indicação de Gonzalez, Braga -que é proprietário da MPI (Marketing, Planejamento e Informação)- foi convidado em maio para comandar a comunicação da campanha de Kassab. Aceitou.


O publicitário não assumiria um compromisso com duas outras candidaturas se tivesse a responsabilidade de coordenar, sozinho, a campanha do prefeito paulistano à reeleição.


Ainda de acordo com aliados de Kassab, Braga negociará com Gonzalez sua participação na campanha. Amigo de Gonzalez, Braga tem repetido que não vê problema em atuar sob o comando do jornalista.


A contratação de Gonzalez não agrada aos alckmistas. Além da admiração por seu trabalho, tucanos ligados ao ex-governador lembram que o jornalista conhece os pontos vulneráveis de Alckmin.


Segundo tucanos, Gonzalez deixou a campanha de 2006 contrariado com o fato de ter sido apontadas falhas de comunicação. Daí a resistência a trabalhar nesta eleição.


Gonzalez estaria ainda relutante quanto à idéia de assumir alguma coordenação nesta disputa. Mas não teria resistido aos insistentes apelos de Kassab. Há quem atribua a decisão também à pressão do governador José Serra (PSDB).


Gonzalez fundou a Lua Branca publicidade, uma das agências responsáveis pela comunicação institucional do governo do Estado e da prefeitura. Em 2006, ele transferiu sua participação para os dois filhos, que são publicitários.


Gonzalez não é o único desfalque de Kassab no tradicional time de Alckmin. O advogado Ricardo Penteado assumirá a assessoria jurídica da campanha e o ex-tucano Sérgio Kobayashi coordenará a mobilização. O cientista político Antônio Prado, o ‘Paeco’, cuidará da análise de pesquisas e o jornalista Roger Ferreira, da assessoria de imprensa.’


 


 


Agora


Em ano eleitoral, prefeito aumenta em R$ 6,6 mi os recursos para propaganda


‘Em maio -cinco meses antes da eleição na qual o prefeito Gilberto Kassab (DEM) tenta se reeleger-, a Prefeitura de São Paulo aumentou de R$ 34,9 milhões para R$ 41,5 milhões a verba destinada para propaganda do governo ao longo de 2008. Foi um aumento de 19%, ou R$ 6,6 milhões. Desse dinheiro, que é administrado pela Secretaria Executiva de Comunicação, até o fim de maio foram utilizados R$ 22,1 milhões -53,2% do total disponível. Na Saúde, por exemplo, até maio foram liquidados apenas 28% dos R$ 3,6 bilhões previstos para o ano todo.


A prefeitura pode remanejar recursos todo mês. Treze secretarias perderam verbas desde janeiro -proporcionalmente, a que mais perdeu foi Habitação, com R$ 50 milhões (6% da verba inicial) a menos. Outras sete pastas ganharam recursos -a que mais ganhou, também proporcionalmente, foi Esportes, Lazer e Recreação, com 21% (R$ 28,9 milhões) a mais. A Secretaria Executiva de Comunicação foi a segunda maior beneficiada.


O levantamento foi feito a partir da execução orçamentária da prefeitura até maio.


Da verba recém-adquirida, R$ 3,7 milhões foram destinados a ‘publicações de interesse do município’. Essa rubrica sustenta, entre outras, despesas com publicidade como campanhas institucionais. Não entram na conta os editais e outras publicações legais. Os outros R$ 2,9 milhões foram para a administração da secretaria.


O prefeito Kassab assinou o decreto do aumento de verbas para comunicação em 8 de maio. Ao todo, o documento remanejou R$ 106 milhões -além dos R$ 6,6 milhões, os R$ 99,5 milhões restantes foram para obras de drenagem e saneamento e canalização de córregos.


O dinheiro foi retirado de programas de habitação, de revitalização do centro e para a realização do Grande Prêmio de Fórmula 1, entre outros projetos. A Prefeitura de São Paulo não informou com exatidão de onde saiu o dinheiro que foi transferido para a Secretaria de Comunicação.’


 


 


Evandro Spinelli


Projeto proíbe campanha nos muros da cidade


‘A Câmara Municipal de São Paulo aprovou ontem um projeto de lei para proibir propaganda eleitoral em muros, fachadas e paredes de qualquer imóvel na cidade. O projeto foi registrado como sendo de autoria de todos os 55 vereadores.


O texto depende, agora, de sanção do prefeito Gilberto Kassab (DEM), candidato à reeleição, que já havia se declarado a favor dessa proibição. Procurado ontem por meio de sua assessoria, Kassab não quis se manifestar.


Quem descumprir a norma fica obrigado, de acordo com o projeto, a retirar a propaganda em 24 horas, além de ser multado em R$ 3.000, valor dobrado na reincidência. A fiscalização caberá aos fiscais da prefeitura.


O líder do governo na Câmara, José Police Neto (PSDB), disse que a idéia de criar uma lei proibindo a propaganda eleitoral em muros surgiu na terça-feira, depois que projeto semelhante foi aprovado em Ribeirão Preto (SP). ‘Foi um entendimento da Câmara para ficar barata a eleição’, disse.


Para o advogado especialista em legislação eleitoral Bension Coslovski, o projeto pode ser considerado inconstitucional. ‘A competência para tratar da legislação eleitoral é rigorosamente federal.’’


 


 


TRE suspende propaganda do PMDB e do DEM


‘O Tribunal Regional Eleitoral da Bahia suspendeu as propagandas partidárias do PMDB e do DEM sob a alegação de que os candidatos dos dois partidos à Prefeitura de Salvador, respectivamente o prefeito João Henrique Carneiro e o deputado federal ACM Neto, estavam usando inserções para fazer ‘propaganda política’.


A liminar atendeu a uma denúncia apresentada pelo advogado do PSDB, cujo candidato é o ex-prefeito Antonio Imbassahy.


Nas inserções do PMDB, João Henrique comparava sua gestão à de Imbassahy e destacava obras. Nas do DEM, ACM Neto dizia que a política baiana apresentava sempre os mesmos nomes.


Lúcio Lima, presidente do Diretório Estadual do PMDB, afirmou que o prefeito não violou a lei. O DEM disse que recorrerá.’


 


 


TODA MÍDIA
Nelson de Sá


Sem saída


‘O Goldman Sachs baixou a nota de Citigroup e General Motors, pela manhã, e o mundo caiu. A começar de Nova York, que na manchete do site do ‘Wall Street Journal’ ‘mergulhou’ ao nível mais baixo do ano. Na manchete do site do ‘Financial Times’, as ações de EUA e Europa foram ‘atingidas’ ao aumentarem ‘os temores de tumulto mundial’.


O post do ‘WSJ’ para esclarecer o quadro, abaixo da manchete, trazia por título ‘Lugar nenhum para onde correr, lugar nenhum onde se esconder’.


TUPI E O GRANDE SALTO


Enquanto isso, na home da Bloomberg e no topo do Yahoo News, longa entrevista do presidente brasileiro ao canal trazia por título ‘Reservas de petróleo do Brasil vão no mínimo triplicar, diz Lula’.


Ele não quer mais entrar para a Opep e descreve Tupi e outros campos como ‘uma chance para os brasileiros pobres’ e o país ‘darem um grande salto à frente’. Sobre a demanda global por alimentos, afirmou ser uma ‘grande oportunidade’ para o Brasil se tornar a ‘cesta de pães’ do mundo.


Em perfil também postado ontem, ouvindo o brasilianista Thomas Skidmore, a Bloomberg diz que Lula ‘abandona passado radical e conduz crescimento’.


AQUI, TOYOTA…


Na manchete do ‘Valor’ e depois por agências e sites setoriais, ‘Toyota decide construir fábrica de US$ 1 bi em São Paulo’. O plano é dado como ‘agressivo’, pois, ‘ao contrário de outras montadoras instaladas na última década, vai invadir o segmento em que as veteranas são soberanas, dos populares’.


CONTRA GM


Ontem também, no site do ‘WSJ’ e por agências, a General Motors anunciou em São Paulo que vai investir na ampliação de suas três unidades e contratar centenas de metalúrgicos em cidades como São José dos Campos. A explicação é que ‘o mercado brasileiro experimenta uma expansão extraordinária’.


NÃO MALVADO


Sob o título ‘Magro, verde e não malvado’ (Lean, green and not mean), a ‘Economist’ deu que ‘EUA podem retirar tarifa sobre o etanol brasileiro, mas a indústria ainda é vítima de equívocos’. E fez ampla defesa do biocombustível


MAIS DA CANA


A mesma ‘Economist’ noticia que a busca de ‘alternativas renováveis a produtos químicos baseados em petróleo’ começa a decolar. ‘Como prova, olhe para o Brasil’, diz a revista, relatando como o setor avançou por aqui.


TODOS POR CUBA


Tem mais. Em texto sobre o esforço da Europa de se aproximar comercialmente de Cuba, a revista diz que a América Latina e o Brasil em particular já andam pela ilha, levando comitiva de empresários e ‘acordos de US$ 1 bi’.


OBAMA E OUTRAS RAÍZES


Barack Obama, que ouviu as primeiras restrições de jornais como o ‘NYT’ ao desistir do financiamento público, vê agora se abrir nova frente de crítica -dos sites e blogs democratas estabelecidos na última década, as chamadas raízes na internet, ‘netroots’. São sites como MyDD, Daily kos e até o Huffington Post.


O motivo foi o apoio que deu à anistia para telefônicas que participaram das escutas sem ordem judicial.’


 


 


ICANN
Folha de S. Paulo


Regra de domínio na internet é ampliada


‘A principal agência de supervisão da internet aprovou a introdução de novos domínios na web, em uma mudança em que os tradicionais .com e .org ganharão a companhia de centenas, talvez milhares de novos endereços, como .sports, .bancos ou .brasil. É a primeira mudança abrangente no sistema de endereços da rede, adotado há 25 anos. Pelas novas regras, qualquer empresa ou organização ou país poderá, em breve, pedir um novo domínio de internet.


Com isso, deverão surgir mais endereços que terminem com o nome de uma cidade ou de um produto, por exemplo. Também poderão surgir batalhas judiciais por endereços que são marcas registradas.


A Icann (entidade que coordena a internet) aprovou as novas diretrizes e também a decisão de iniciar o período de comentário público sobre uma proposta que pela primeira vez permitiria endereços inteiramente expressos em outros idiomas que não o inglês. Os novos domínios provavelmente não começarão a aparecer antes do ano que vem, e a Icann não tomou decisões sobre nomes específicos, por enquanto. Ela ainda precisa decidir muitos detalhes, entre as quais as taxas de obtenção de novos nomes, que devem exceder os US$ 100 mil por domínio, a fim de ajudar a Icann cobrir custos de US$ 20 milhões.


Os domínios ajudam computadores a encontrar sites e a direcionar e-mails. Acrescentar novos domínios pode facilitar aos sites a adoção de nomes fáceis de memorizar, já que muitos dos melhores nomes com o domínio .com estão em uso ou sob o controle de terceiros. As novas diretrizes tornariam mais fácil a empresas e grupos propor novos domínios.


A Icann aceitou sugestões apresentadas em 2000 e 2004, mas as revisões demoram muito tempo e uma das propostas, .post, para serviços de correio, ainda não recebeu aprovação final após de quatro anos de avaliação. Nas duas rodadas de expansão do número de domínios realizadas até agora, apenas 13 sufixos foram aceitos.


As novas diretrizes, mais enxutas, determinam que os interessados passem por um período inicial de revisão durante o qual qualquer pessoa poderia se opor ao pedido, alegando questões como racismo, conflito de marcas e semelhança a domínios existentes. Caso não haja objeção, a aprovação seria concedida rapidamente.


Alguns dos membros do conselho da Icann expressaram preocupação com a possibilidade de que as regras façam dela um órgão de censura, encarregada de decidir o que pode ser considerado passível de objeção por qualquer pessoa, em qualquer lugar do mundo.


‘Caso o sistema seja implementado de forma ampla, a recomendação permitiria que qualquer governo na prática vetasse um sufixo que o incomode’, disse Susan Crawford, professora de direito em Yale e membro do conselho. Ela votou em favor das mudanças nas normas, mas posteriormente solicitou esclarecimentos.


A outra proposta que a Icann está debatendo permitiria que endereços expressos inteiramente em caracteres inexistentes no inglês fossem adotados pela primeira vez. Países específicos poderiam ser colocados na ‘via expressa’ para receber o equivalente de seu domínio geográfico de país (na Bulgária, por exemplo, é .bg) em seu idioma de origem. O conselho da Icann disse que pedirá comentários públicos sobre as regras antes da reunião de novembro.


A demanda por esses nomes vêm crescendo em todo o mundo, à medida que o uso da internet se amplia entre povos que não falam inglês ou não podem digitar facilmente os caracteres usados na língua inglesa. Hoje endereços expressos parcialmente em caracteres de outros idiomas são ocasionalmente possíveis, mas o domínio está limitado a certos caracteres.


A Icann aprovou também recomendações cujo objetivo é reprimir a prática da ‘degustação’ de nomes de domínio -o equivalente on-line a adquirir roupas novas com um cartão de crédito e em seguida devolvê-las e pedir reembolso depois de usá-las em uma grande festa.


Tradução de PAULO MIGLIACCI’


 


 


SOFTWARE
Reuters


Após 30 anos, Gates deixa a Microsoft e se concentra em entidade filantrópica


‘Percebendo que uma revolução estava por começar na computação pessoal, Bill Gates deixou a Universidade Harvard em 1975 para criar a Microsoft e promover a visão de um computador em cada mesa e cada casa.


Após três décadas, Gates deixará seu posto na maior companhia de software do mundo e passará a trabalhar em tempo integral na organização de caridade -a Fundação Bill e Melinda Gates- que criou com sua riqueza.


Gates, 52, cuja aparência juvenil contrasta estranhamente com os cabelos já grisalhos, abandonará uma vida dedicada ao desenvolvimento de software e concentrará suas energias em promover a descoberta de novas vacinas ou o microfinanciamento de projetos nos países em desenvolvimento.


Por ser o maior acionista da Microsoft, Gates continuará a ser o presidente do conselho da empresa e a trabalhar em alguns projetos especiais de tecnologia. A participação de 8,7% que ele detém na companhia vale cerca de US$ 23 bilhões.


Gates começou a programar computadores aos 13 anos, criando um sistema de agenda para marcar as aulas de sua escola, em Seattle. Adquiriu experiência e viu o potencial do software para alterar a maneira pela qual as pessoas trabalhavam, comunicavam e se divertiam. E compreendeu cedo na revolução da computação pessoal que o software seria mais importante que o hardware.


‘Quando eu tinha 19 anos, antevi o futuro e baseei minha carreira nessa visão. Estava certo’, disse em ‘A Estrada do Futuro’, em 1995.


Com o amigo de infância Paul Allen, criou a Microsoft, batizada para simbolizar a missão: criar software para microcomputadores.’


 


 


TELEVISÃO
Folha de S. Paulo


Sky descumpriu regra ao suspender MTV, diz Cade


‘O Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) concluiu que a Sky descumpriu recomendação do órgão ao deixar de transmitir a MTV, do grupo Abril.


Segundo o Cade, a Sky descumpriu a decisão que determinava a transmissão de todo o conteúdo dos canais pagos e de conteúdo brasileiro que eram transmitidos pela DirecTV quando houve a fusão entre as empresas.


O conselho também afirmou ter notado que a Sky não obedeceu à determinação de garantir, pelo prazo de três anos, às programadoras de conteúdo nacional a mesma receita auferida com a comercialização de seus conteúdos com a DirecTV. O Cade deu à Sky cinco dias para se defender no órgão.’


 


 


Daniel Castro


Globo muda processo de escolha de novelas


‘A Globo vai mudar o processo de escolha das novelas que produz. A partir de 2009, as substitutas das próximas das oito (de Glória Perez), das sete (Antonio Calmon) e das seis (Miguel Falabella) serão definidas pela temática, e não mais por um rodízio de autores.


Assim, será ‘zerado’ o rodízio pré-estabelecido _que nem sempre foi cumprido à risca. Pela ordem, depois de Glória Perez o autor da faixa das 21h seria Silvio de Abreu ou Benedito Ruy Barbosa.


Novo comandante da área artística da Globo, Manoel Martins tenta imprimir uma ‘nova filosofia’ para a área. Além de priorizar a história na escolha das próximas novelas, quer estocar programas, produzindo mais do que a TV pode exibir.


Há duas semanas no cargo de diretor-geral da Área de Entretenimento, Martins encomendou sinopses de novelas a todos os autores. Manoel Carlos (‘Páginas da Vida’), que saiu do ar há apenas um ano e três meses, apresentará uma proposta de nova novela no segundo semestre. E tem chances de substituir Glória Perez.


Benedito Ruy Barbosa, que não escreve novela das oito desde 2002 (‘Esperança’), também se prepara para montar uma sinopse. Ele afirma que, com a reprise de ‘Pantanal’ pelo SBT, desistiu, temporariamente, de uma trama rural que recuperaria parte da história exibida originalmente pela Manchete, em 1990.


FAVORITA 1 Apesar de ‘A Favorita’ registrar a mais baixa audiência de todas novelas das oito, a cúpula da Globo demonstra confiança na trama de João Emanuel Carneiro. ‘A novela é excelente e terá um futuro de sucesso’, aposta Octavio Florisbal, diretor-geral da emissora.


FAVORITA 2 Florisbal acredita que, a exemplo das duas últimas novelas das oito, ‘A Favorita’ crescerá a partir da quinta semana, superando os 40 pontos. Em Porto Alegre e Belo Horizonte, já está bem acima disso.


FAVORITA 3 Reservadamente, executivos da Globo admitem que o problema de ‘A Favorita’ é ‘Os Mutantes’, da Record, que absorveu parte do público da emissora no horário.


PROVOCAÇÃO O ‘Jornal da Record’ exibiu anteontem reportagem em que dizia que o Fluminense, além da LDU, tinha outro adversário na final da Libertadores: a Globo. Referia-se ao fato de a emissora ter optado por transmitir para São Paulo jogo do Corinthians (que deu 26 pontos).


AGENDA Até ontem à tarde, a Globo informava que, quarta que vem, mostrará Flu x LDU para SP.


CANAL LITERÁRIO A TV Cultura terá um canal de TV aberta transmitindo para Parati (RJ) durante a Flip (Festa Literária Internacional de Parati), de 2 a 6 de julho. No canal, o 51, exibirá VTs e, ao vivo, as gravações de programas como o ‘Roda Viva’ e o ‘Letra Livre’, que só passarão em SP semanas depois.’


 


 


Estréia nos EUA reality show com pais e bebês temporários


‘O reality show ‘The Baby Borrowers’, que enfoca cinco jovens casais que ainda não têm filhos e que se vêem tendo de cuidar inicialmente de bebês, estreou anteontem no canal americano NBC.


A atração foi elogiada na quarta-feira pela jornalista Ginia Bellafante, do ‘New York Times’, que a qualificou de ‘uma missão cívica’ e que ‘testa a solidez dos relacionamentos’.


O reality show terá seis programas, no qual os pais temporários, de idades entre 18 e 20 anos, têm de cuidar de filhos também temporários. De acordo com o andamento do programa, a idade dos filhos postiços vai mudando: inicialmente são bebês; depois, estão na puberdade; mais tarde, são adolescentes.


A idéia dos produtores é fazer com que os cinco casais amadureçam em um reduzido tempo e enfrentem as tarefas encontradas por jovens casais que têm bebês cedo. Mais tarde, haverá outro desafio:um deles têm de conseguir um emprego, deixando o ‘filho’ com o parceiro.


Com agências internacionais’


 


 


Márvio dos Anjos


Especial traça rota da Copa de 1958


‘Alexandre Pato, meu caro, este programa é para você. Lúcio, se passar na Alemanha, não deixe de assistir. Dunga, tire essa galera dos videogames na Granja Comary e passe, antes da preleção, quando der. ‘A Copa do Mundo É Nossa’, documentário do ESPN Brasil, recorda como o futebol e o brasileiro se tornaram elementos indissociáveis.


É mais um dos especiais que a mídia oferece na esteira dos 50 anos da conquista da Copa de 1958, disputada na Suécia -o fato mais importante para a criação da identidade nacional.


Revisitar com olhos de hoje esse caminho -que passa por Rio e termina em Estocolmo- é até estranho, uma vez que o futebol atual permite poucos arroubos românticos. Mas os homens envolvidos estavam escrevendo uma história muito maior do que imaginavam. Criaram um Brasil que encanta, vence e se orgulha de ambas as coisas.


Sendo assim, meus caros Dunga, Pato e Lúcio, fica o convite para que vocês entendam um pouco da história da camisa amarela e da azul. Se puderem assistir, talvez cada jogo ganhe uma dimensão maior.


Quem sabe até vocês transcendam suas chuteiras e percebam que a vaia (e o aplauso ao argentino Messi) é apenas a memória coletiva declarando não ser conivente com a falta de respeito e senso histórico.


A COPA DO MUNDO É NOSSA


Quando: estréia amanhã, às 21h; livre


Onde: na ESPN Brasil’


 


 


Mônica Bergamo


Padrão México


‘A TV Globo negocia com a mexicana TV Azteca para fechar com a empresa do grupo Salinas um contrato de co-produção nos moldes do que fez com a Telemundo. Vai vender e supervisionar a produção de novelas brasileiras no México.’


 


 


LITERATURA
Luiz Fernando Vianna


‘Sua vida era a sua obra’, diz biógrafo


‘Não é preciso ir fundo nas obras de Manuel Bandeira, Vinicius de Moraes, Murilo Mendes e Fernando Sabino, entre outros, para se deparar com o nome de Jayme Ovalle. Mas, para saber quem foi Jayme Ovalle (1894-1955), é preciso.


O jornalista e escritor Humberto Werneck, 63, fez isso. O resultado é a biografia ‘Jayme Ovalle – O Santo Sujo’, que está chegando às livrarias e será lançada na Flip (Festa Literária Internacional de Parati).


‘Ele era alguém interessante, refletido nos outros. Mas você não sabia a fonte daquilo. Que diabos é esse cara por quem Bandeira era tão encantado? E também Vinicius, Fernando, Paulo Mendes Campos?’, diz Werneck, relembrando a fagulha que deu origem ao livro.


Na verdade, vem de 1962 seu fascínio por esse compositor, poeta e boêmio que é mais importante pela presença nas obras dos amigos do que pelo que criou. Naquele ano, ele leu o conto ‘O Suicida’, de Ivan Ângelo, cuja epígrafe era ‘[o suicídio] é um ato de publicidade: a publicidade do desespero’, frase de Ovalle dita a Vinicius e Otto Lara Resende numa entrevista de 1953.


A cada menção que encontrava, o interesse crescia. Em 92, conseguiu uma bolsa para fazer a biografia. Mas a ‘inadimplência escandalosa’ e a enorme dificuldade para encontrar informações sobre um homem de história muito mais oral que escrita o fez fracassar na primeira tentativa -e nas seguintes. Nunca desistiu de todo, mas só em 2008 arrumou fôlego para concluir um trabalho por si só ‘ovalliano’.


‘Eu uso a imagem de que Ovalle é um avião que explodiu no ar. Os técnicos começam a montar depois para descobrir o que aconteceu’, diz Werneck, que afirma ter encontrado na pesquisa ‘uma mentiralhada, versões distorcidas. Ele virou um cabide no qual quem queria pendurava uma coisa’.


Pomba e manequim


Mas, também, como não folclorizar um homem que se apaixonou por uma pomba que o visitava num hotel do Rio e por um manequim, que costumava abraçar postes de luz com ternura, usava monóculo e passava graxa de sapato no cabelo?


As características faziam parte de uma personalidade sedutora. Lendo só jornais e a Bíblia, tendo estudado pouquíssimo na Belém natal, era capaz de se expressar com força poética nas conversas cotidianas e elaborar teorias complexas na mesa de bar -como a ‘nova gnomonia’, divisão dos seres humanos em cinco tipos que virou febre entre intelectuais a partir de seu registro por Bandeira, numa crônica de 1931.


Fernando Sabino registrou frases suas e pôs na boca de Germano, personagem de ‘O Encontro Marcado’ inspirado em Ovalle: ‘O passarinho é o soneto de Deus’; ‘O silêncio das coisas tem um sentido’. E havia sua mania por diminutivos: ‘Deixa eu usar o meu lutinho!’, disse certa vez, de preto, a Bandeira, que adotou o jeito de falar até na sua obra (‘Meu Jesus Cristinho!’); Vinicius foi outro contaminado.


Ovalle poderia ter sido um grande compositor. Teve formação precária, mas tocava bem violão e piano. Fez sucesso com ‘Azulão’, parceria com Bandeira gravada por Elizeth Cardoso, Nara Leão e outros; mas parou em 33 criações. Por ser a idade de Cristo crucificado, considerava o número ideal. Sua poesia também foi marcada por seu cristianismo muito particular -discutia com Deus, chamava-o de ‘Neguinho’, às vezes blasfemava, em outras se batia gritando ‘apanha, judeu!’, embora a ascendência judaica não fosse certa.


A maior parte dos poemas escreveu em inglês, entre 1933 e 1937, quando viveu em Londres transferido pela Alfândega brasileira, do qual sempre foi funcionário exemplar. Mas, mesmo morando na Inglaterra e, de 46 a 50, em Nova York, nunca falou inglês bem. Queria escrever na língua para atingir mais leitores, ingênua megalomania que retratava a criança que, para os amigos, sempre foi.


‘Bastava a presença’


Quando Ovalle morreu, Dante Milano escreveu a melhor definição do amigo, transcrita por Werneck no livro. Aqui, uma parte: ‘Tudo o que fazia era prodigioso, mas não se dava ao trabalho de realizar. Não podia, não havia tempo. […] Do pouco que resta de sua passagem pela Terra, há um livro em inglês [‘The Foolish Bird’], ditado em transe a uma amiga e secretária, e algumas músicas fugitivas e encantadas. E basta. Nem era preciso tanto. De tal homem bastava a presença’.


Ovalle não escreveu nem uma linha da ‘História de São Sujo’, projeto autobiográfico. ‘Sua vida era a sua obra’, diz Werneck. ‘É impressionante um cara influenciar tanta gente sem ter obra. Se sou Drummond e influencio você, é óbvio. Mas sem ter obra?!’


Homem de muitos amores, de prostitutas a socialites, Ovalle só se casou com a americana Virginia Peckham (1925-2000), que tentou defini-lo a Werneck: ‘Um sujeito estranho. Boníssimo. Muito infantil. Provavelmente santo. Mas não desta vida’. A filha do casal, Mariana, 56, mora no Rio.


JAYME OVALLE – O SANTO SUJO


Autor: Humberto Werneck


Editora: Cosac Naify


Quanto: R$ 55 (400 págs.)’


 


 


HOMOFOBIA
Silas Martí


Beijo gay em Berlim ainda opõe artistas e políticos


‘Era para ser um monumento às vítimas homossexuais do Holocausto o bloco de concreto erguido há um mês à beira do Tiergarten, parque central de Berlim. Mas, segundo os artistas por trás do projeto, virou símbolo de como a política consegue sufocar a arte e sinal de que, apesar de tudo, a Alemanha continua homofóbica.


‘Não queríamos uma abstração, como triângulos cor-de-rosa’, diz à Folha Michael Elmgreen, dinamarquês radicado na Alemanha, que assina o projeto do memorial com o parceiro Ingar Dragset -os dois participaram da 25ª Bienal de São Paulo, em 2002.


Imitando as lápides de concreto do monumento aos judeus mortos sob o regime de Hitler, o novo bloco fica a alguns metros dali e mostra, dentro de uma pequena fresta, um vídeo de dois homens se beijando, dirigido pelo também dinamarquês, co-fundador do Dogma, Thomas Vinterberg. ‘Queríamos uma imagem explícita’, conta Elmgreen.


O estopim do conflito foi quando o ministro alemão da Cultura, Bernd Neumann, censurou a imagem que deveria estampar o convite para a inauguração oficial do monumento. No lugar do beijo, um cartão todo cinza, sem imagens, chegou às mãos dos convidados.


A feminista Alice Schwarzer levantou outra queixa: um memorial às vítimas gays só com homens ignora o sofrimento das lésbicas mortas no Holocausto. Na cerimônia, chamou o projeto, aprovado numa competição que desbancou sugestões de artistas como Wolfgang Tillmans, de ‘kitsch’ e ‘fálico’.


Os artistas agora, cedendo à pressão de feministas e outros grupos de interesse, terão de mudar a cada dois anos o filme exibido dentro do memorial.


Arte coletiva?


‘É ridículo e vergonhoso que eles estejam passando por isso’, diz Thomas Vinterberg à Folha, por telefone, de Copenhague. ‘Arte é subjetiva. Nunca é possível chegar a um acordo coletivo em relação à arte.’


Em preto-e-branco, o filme dentro do memorial foi gravado no mesmo lugar onde está hoje o bloco de concreto, dando a impressão de estender a paisagem de fora para dentro do cubo. Mudar o filme, na opinião de Vinterberg, destruiria esse efeito. ‘Se eu soubesse que chegaria a isso, jamais teria participado do projeto.’


Os artistas lembram que a construção do memorial gay fora aprovado na administração do Partido Verde, anterior aos democratas cristãos agora no poder. ‘Eles apóiam o papa, não querem ver dois homens se beijando’, diz Elmgreen, acrescentando que foi seu primeiro e último projeto público. ‘Jamais faremos algo do tipo de novo, vimos que tem muito pouco a ver com arte e muito mais a ver com política.’


‘O monumento virou um comentário sobre a vida política na Alemanha no início deste século mais do que uma homenagem a homossexuais’, lamenta Vinterberg. ‘Artistas deveriam ser protegidos, não manipulados. O que fizeram foi arruinado; ser gay ainda é tabu.’’


 


 


MÚSICA
Folha de S. Paulo


‘NYT’ elogia show de Gilberto Gil em NY


‘Ben Ratliff, em resenha ontem no ‘New York Times’, elogiou o show do músico e ministro Gilberto Gil, no Nokia Theater, em Nova York, na última terça. Com repertório com uma ‘profunda fusão de pop e folk’, ele cantou ‘como um vocalista de reggae de raiz’. Gil também foi chamado de ‘estupendo performer’. A turnê ‘Banda Larga Cordel’ segue nos EUA até 7 de julho.’


 


 


CERVEJA
Mônica Bergamo


Rodo


‘O Conar (Conselho Nacional de Auto-Regulamentação Publicitária) fez arrastão ontem para julgar casos de publicidade de bebidas. Quase todas as cervejarias foram punidas. A Brahma, por exemplo, vai ter que tirar do ar o slogan ‘ser brahmeiro é ser rico de amigos’; a Kaiser terá que aumentar, em suas peças publicitárias, a advertência ‘beba com moderação’; a Schin não poderá mais falar que sua cerveja é ‘leve e gostosa como nenhuma outra’.’


 


 


 


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O Estado de S. Paulo


Sexta-feira, 27 de junho de 2008


 


CENSURA
Gabriel Manzano Filho


Associação de juízes apóia censura


‘Em nota divulgada no final da tarde de ontem, a Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe) defendeu o juiz federal substituto Ricardo Rezende Silveira, da 10ª Vara Federal (de São Paulo), que proibiu os jornais do Grupo Estado de publicar reportagem sobre eventuais irregularidades que estariam ocorrendo no Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp). No texto, a Ajufe sustenta que ‘não houve censura à reportagem’ e que ‘as manifestações veiculadas na imprensa nos últimos dois dias, muitas delas desairosas, foram, no mínimo, intempestivas’.


Para a Ajufe, em vez de censura, o que ocorreu foi que, ‘cautelarmente, apenas para evitar eventuais danos morais decorrentes da publicação da reportagem, o juiz determinou a suspensão da publicação da matéria até que, de posse da manifestação de ambas as partes (autor e réu), pudesse analisar os argumentos apresentados’.


Assinada pelo seu presidente, Fernando Cesar Baptista de Mattos, a nota constata que, ‘portanto, o juiz federal sequer apreciou o pedido de liminar formulado pelo autor.’


Em sua avaliação, Baptista de Mattos pondera: ‘É natural e compreensível que decisões judiciais não agradem a todos e, por isso, não estão imunes a críticas’. Mas a crítica, prossegue ele, ‘deve ser exercida com serenidade e respeito, indispensáveis ao tratamento cordial dos que exercem funções essenciais à administração da Justiça e também dos representantes de classe.’


O presidente da Ajufe faz, em seguida, uma avaliação do comportamento da imprensa no episódio: ‘O inconformismo em relação a decisões judiciais deve ser manifestado com argumentos jurídicos e na seara própria, por meio dos recursos judiciais cabíveis, no devido processo legal, como convém ao Estado Democrático de Direito.’ A seguir, adverte: ‘Rótulos pejorativos impostos a magistrados por aqueles inconformados com suas decisões, mormente quando oriundos de órgão da imprensa, são incompatíveis com a postura de sobriedade e com o bom relacionamento entre o Poder Judiciário e a imprensa, construído nas últimas décadas.’ E prossegue: ‘É imprescindível que a magistratura seja forte e respeitada. Se for diferente, ao cidadão não haverá nenhum tipo de recurso contra o arbítrio do Estado ou a violência de seu semelhante.’


O texto argumenta, ainda, que ‘quando concede decisão que agrada, o Poder Judiciário não aguarda elogios, já que seus integrantes têm consciência de que apenas estão cumprindo seu dever’. E conclui: ‘A Ajufe reafirma de público seu compromisso com a transparência das decisões judiciais e com seu propósito de esclarecimento da opinião pública por meio da interlocução com os órgãos de imprensa.’


TRECHOS DA NOTA


‘É preciso que se esclareça que não houve censura à imprensa’


‘O juiz determinou a suspensão da publicação da matéria até que (…) pudesse analisar os argumentos apresentados’


O inconformismo em relação a decisões judiciais deve ser manifestado com argumentos jurídicos e na seara própria’


‘Tais esclarecimentos tornam claro que as manifestações veiculadas na imprensa, nos últimos dois dias, muitas delas desairosas, foram, no mínimo, intempestivas’’


 


 


Artistas se manifestam contra proibição


‘A censura prévia ao Grupo Estado foi alvo de críticas de artistas. ‘É um absurdo qualquer ato de censura! Essas ‘autoridades’ querem proteger a população da imprensa, como se esta não tivesse capacidade de formar seu próprio juízo acerca da informação divulgada’, afirmou Hélio de la Peña, humorista do Casseta e Planeta. ‘Querem ser a mãe zelosa que obriga o filho a usar o casaquinho, mesmo quando ele não está com frio.’


O cartunista Mauricio de Sousa disse acreditar que ‘os braços da censura estão soltos e se utilizando do Judiciário para esconder o interesse público’. ‘A censura oficial acaba e ainda assim ficam procurando esqueminhas onde é possível estabelecer novos tipos de censura’, disse. ‘Não estou contra o Judiciário, mas, efetivamente, como ex-jornalista, eu não entendo e não me sinto bem neste particular.’


Para o apresentador Marcelo Tas, a lei eleitoral ‘está sendo interpretada para vetar matérias’. ‘O CQC está proibido de entrar no Congresso, agora o caso do JT. Fico bastante chocado. A gente atribuía a censura à ditadura, achamos que ela tinha acabado, mas continua dentro de todos os Poderes. A censura está presente e temos que usar a nossa velha indignação.’


O ator Milton Gonçalves destacou que, ‘em qualquer caso, a liberdade de expressão é sagrada’. ‘Há de se saber os dois lados. A liberdade de opinião está na Constituição.’


O autor de novelas Aguinaldo Silva é taxativo: ‘A censura voltou.’ ‘Vamos parar com o eufemismo e assumir que há uma censura no País e precisamos denunciar.’’


 


 


Gabriel Manzano Filho


‘Sou contra qualquer forma, mesmo que velada, de censura’


‘Batalhador, há pelo menos cinco décadas, pelos direitos individuais e um dos comandantes, nos anos 90, da cruzada nacional pelo impeachment do então presidente Fernando Collor, o advogado Marcello Lavenère afirmou ontem que é importante lutar contra decisões que tentem trazer de volta ao País a censura prévia. Advertindo que não leu a sentença em que se determinou a censura ao Grupo Estado – e, portanto, não tem como analisar as atitudes de procuradores ou juízes envolvidos no caso – o advogado, que atua em Brasília, reafirmou sua convicção: ‘Sou contra qualquer forma, ainda que velada, de censura. Todos nós lutamos demais para chegar até onde chegamos e isso não pode ser jogado fora.’ A seguir, trechos de sua entrevista ao Estado:


Como o sr. analisa a recente medida de um juiz paulista que impede a publicação de reportagem pelo Grupo Estado?


Não quero aqui julgar decisões cujo conteúdo jurídico desconheço – pois não li as decisões. Mas posso lhe garantir, e toda a minha luta no passado foi nessa direção, que sou contra qualquer forma, ainda que velada, de censura, ou de medidas que tentem trazê-la de volta ao nosso convívio. Nós brigamos muito para acabar com esse tipo de coisa no País.


O sr. percebe, nas recentes sentenças sobre denúncias ou sobre campanha eleitoral, algum tipo de ameaça contra o direito à informação?


Durante décadas a sociedade lutou contra essas ameaças, organizou-se em entidades como a Associação Brasileira de Imprensa, a Ordem dos Advogados do Brasil e tantas outras. A liberdade de expressão, como definida na Constituição, é uma conquista da sociedade inteira. Temos de manter essa conquista, defendê-la sempre. E, quando se trata de um tema tão importante para toda a sociedade, com o da liberdade de expressão, é necessário que a decisão seja bem fundamentada. Não cabe se um juiz não dispuser de provas contundentes de que o dano – como no caso em questão – é irreversível.


A defesa do Grupo Estado sustenta que a medida que o atingiu é um texto breve, em que não se desenvolveu nenhuma fundamentação. Isso lhe parece adequado?


Como afirmei, há um dever constitucional de que a decisão seja fundamentada. Se não tiver boa fundamentação, a decisão é nula. Pois, nesse caso, viola um princípio constitucional.


O sr. acredita que, por serem mais jovens, e não terem vivido diretamente os desafios do regime militar, alguns desses juízes e procuradores tomem decisões indevidas?


O problema não é necessariamente alguém ter vivido mais ou menos tempo. Não me parece que um juiz, por ter menos idade, seja necessariamente menos capaz ou não tenha sensibilidade para entender o que está julgando. Outras categorias podem, da mesma forma, ser avaliadas por esse critério – médicos, engenheiros, até mesmo jornalistas. Prefiro dizer que quem não experimentou diretamente os desafios daquele período dos anos de chumbo não desenvolveu os anticorpos que nós temos.


Mas então existe alguma diferença entre as duas gerações.


É preciso, de fato, que as novas gerações se orientem pelos valores que orientaram aquela luta. Causas pelas quais muita gente foi sacrificada. Elas constituem um aprendizado precioso, são um bem do qual temos de cuidar com todo o zelo.


Quem é: Marcello Lavenère


É membro honorário vitalício do Conselho Federal da OAB.


Foi um dos signatários do pedido de impeachment do presidente Fernando Collor.


Presidiu a Comissão de Anistia.’


 


 


TRUCULÊNCIA
Denise Madueño


Seguranças agridem fotógrafo do ‘Estado’


‘A entrega da defesa do deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP) ao Conselho de Ética acabou ontem em agressões ao fotógrafo Beto Barata, do Estado, pela segurança da Câmara. Na tentativa de impedir o profissional de exercer o seu trabalho, o fotógrafo foi imobilizado, estapeado e teve o colete rasgado e uma lente da máquina danificada.


A atuação truculenta da segurança da Câmara começou quando a funcionária do deputado, que não se identificou pelo nome, deixou a sala do conselho e seguia pelo corredor em direção a uma das saídas – a do prédio conhecido como anexo 2. Irritada por ser fotografada, a funcionária solicitou a intervenção dos seguranças. Ao ser abordado, o fotógrafo mostrou credencial e se identificou. Mesmo assim, o policial da Câmara disse que ele estava preso e o imobilizou. Mais policias chegaram para levá-lo para a sala da Segurança da Câmara, que fica no anexo 3.


No meio do caminho, um dos seguranças deu um tapa no rosto de Beto Barata, que reagiu. O tumulto foi formado e o diretor do Departamento de Polícia Legislativa da Câmara, José Gilmar Araújo, foi chamado às pressas e avisou que o profissional não estava preso.


Em nota, a Secretaria de Comunicação Social da Câmara informou que, por determinação do diretor-geral, Sérgio Sampaio, será instaurado inquérito ‘para cabal apuração do ocorrido, inclusive com o uso das imagens do circuito interno’. ‘Os servidores envolvidos serão identificados e afastados de suas atividades de policiamento até o esclarecimento dos fatos.’’


 


 


SOFTWARE
O Estado de S. Paulo


Bill Gates deixa a Microsoft


‘A Microsoft nasceu, há mais de 30 anos, durante uma grande transição no mercado de tecnologia, que passou da era dos mainframes (computadores de grande porte), em que a computação era centralizada e disponível somente para grandes empresas, para a era dos PCs, que tornaram os computadores acessíveis às pessoas comuns.


Hoje, Bill Gates se aposenta da Microsoft, e sua saída do dia-a-dia da empresa marca uma nova transição, do mundo dos PCs para a computação em nuvem, em que várias máquinas conectadas e espalhadas pelo mundo funcionam como um único computador. A oferta da Microsoft pelo Yahoo, que não deu resultado, foi uma tentativa da empresa de aumentar a presença nesse cenário.


O objetivo inicial da Microsoft era colocar um PC em cada mesa e em cada residência. Hoje, cerca de 900 milhões dos 1 bilhão de microcomputadores que existem no mundo rodam o Windows, da Microsoft. Com a popularização dos microcomputadores nos países ricos, a empresa abandonou esse lema. ‘O PC, obsessão do senhor Gates, acabou se tornando um terminal de internet’, apontou a revista Economist, na edição desta semana, em que faz um balanço do legado de Gates.


O fundador da Microsoft continuará como presidente do conselho da empresa, o que não é um cargo executivo, e irá se dedicar à Fundação Bill & Melinda Gates, para quem doou boa parte de sua fortuna, e que se dedica a projetos como o combate a doenças em países pobres.


A saída de Bill Gates da Microsoft deve colocar pressão sobre Steve Ballmer, que está na presidência da empresa há oito anos. Ele tem como desafios expandir os negócios tradicionais da empresa, recuperar o preço de suas ações e alcançar seus ágeis rivais da internet, como o Google, que fatura bilhões com publicidade online.


‘Acho que combinação de uma grande mudança na tecnologia e no modelo de negócios, e um competidor que tem um ganso de ovos de ouro, que pode financiar muitos experimentos, é realmente o maior desafio que a Microsoft já enfrentou’, disse Paul Maritz, ex-vice-presidente da Microsoft. ‘Se Steve conseguir vencê-lo, ele irá para a história, por seus próprios méritos, como um grande líder.’


Mas o maior desafio talvez esteja com Ray Ozzie, que substituiu Gates como arquiteto-chefe de software, e Craig Mundie, que estabelece a visão de longo prazo da empresa como seu diretor de Pesquisa e Estratégia. ‘Qualquer questão a respeito da direção em que vai a empresa, e como fazê-lo, está na verdade em suas mãos’, disse Mark Anderson, editor da newsletter de tecnologia Strategic News Service. ‘Tudo depende da tecnologia, e eles são os caras que definirão o caminho.’


Numa entrevista na semana passada, Mundie identificou várias tendências da computação que ele considera importante, incluindo o surgimento de centros de dados de larga escala, que a Microsoft e outras empresas vão usar para permitir que as pessoas sincronizem os arquivos e outros dados em vários PCs e dispositivos.


De forma mais geral, Mundie disse que a companhia prevê a proliferação da computação em formas não tradicionais – com microprocessadores e telas embutidos em tudo, incluindo mesas de escritório e paredes. Uma área que a empresa elegeu como prioritária é a de saúde e, em um vídeo conceitual que Mundie mostrou, uma mesinha ao lado da cama que mostra informações sobre medicamentos quando um frasco é colocado sobre ela.


‘Acho que estamos muito bem posicionados para um mundo em que haverá um computador em quase tudo’, disse Mundie. Ele disse que, conforme isso acontece, o desafio da Microsoft será descobrir a experiência que as pessoas querem ter em meio a esses equipamentos, encontrando uma forma de integrá-los e torná-los mais fáceis de usar.


Um grande indicador da era pós-Gates será o Windows 7, como está sendo chamada a nova versão do sistema operacional da Microsoft, que deve ser lançada em 2010. A versão atual, Windows Vista, sofreu vários atrasos no lançamento e recebeu críticas negativas quando chegou ao mercado. Por causa disso, a Microsoft sente a pressão de lançar um sucessor de alta qualidade e dentro do prazo.


SEATTLE POST-INTELLIGENCER E AGÊNCIAS INTERNACIONAIS’


 


 


Reuters e AP


Empresário vai se dedicar à filantropia


‘Em 1975, Bill Gates abandonou o curso de Direito na Universidade Harvard e fundou a Microsoft, tornando-se um dos líderes da revolução do computador pessoal. Hoje, aos 52 anos, ele deixa a empresa para se dedicar à filantropia, na fundação criada com sua grande fortuna.


No ano passado, ele deixou de ser o homem mais rico do mundo. O investidor Warren Buffett e o empresário mexicano Carlos Slim Helú estão à frente dele. Sua fortuna pessoal soma US$ 58 bilhões. Gates é o maior acionista da Microsoft. Sua participação de 8,7% na empresa vale cerca de US$ 23 bilhões.


Gates começou a programar computadores aos 13 anos, criando o sistema que definia a grade horária no colégio que estudava em Seattle. Com o tempo, percebeu o potencial do software de mudar a vida das pessoas. ‘Quando tinha 19 anos, tive uma visão do futuro e baseei minha carreira no que vi’, escreveu Gates em seu livro A Estrada do Futuro, de 1995. ‘Eu estava certo.’ No começo da era dos PCs, Gates percebeu que o software seria mais importante que os equipamentos. Com seu amigo de infância Paul Allen, dois anos mais velho, criou a Microsoft.


O empresário nasceu em 28 de outubro de 1955, segundo dos três filhos em uma família importante de Seattle. Seu pai, era sócio em um dos escritórios de advocacia mais importantes da cidade e sua mãe era integrante do conselho da Universidade de Washington.


Gates estudou dois anos em Harvard, onde passou a maior parte do tempo programando computadores e jogando pôquer. Deixou a universidade para desenvolver software para o Altair, um microcomputador que era vendido em kits por US$ 400. Foi em Harvard que conheceu Steve Ballmer, hoje presidente da Microsoft.


O grande momento da Microsoft veio em 1980, quando a empresa assinou um contrato para desenvolver o sistema operacional MS-DOS para o computador pessoal da IBM. Gates e sua equipe conseguiram que a IBM permitisse o licenciamento do software para outras empresas, o que acabou criando uma indústria de máquinas ‘compatíveis com a IBM’ e dependentes do software da Microsoft.


‘Seu legado é ter sido um dos homens de negócios e tecnólogos mais espertos do século 20’, disse Michael Cusumano, professor do MIT. A Microsoft abriu o capital em 1986 e, no ano seguinte, Gates se tornou, aos 31 anos, o homem mais jovem a se tornar bilionário por esforço próprio.’


 


 


LITERATURA
Francisco Quinteiro Pires


Guimarães Rosa: 100 anos


‘No conto O Espelho, do livro Primeiras Estórias, o narrador em primeira pessoa dialoga com o leitor e o convida a ter contato com uma aventura cheia de mistério. No fim do primeiro parágrafo, afirma: ‘Quando nada acontece, há um milagre que não estamos vendo.’ Milagre, palavra latina, significa prodígio, coisa maravilhosa e extraordinária. Não dá para pensar a obra de João Guimarães Rosa, cujo centenário de nascimento é comemorado hoje, ignorando o fato de que sua produção literária é desencadeada pela face fantástica (ou mitológica) da realidade, sempre a partir do sertão de Minas Gerais.


Mas o sertão está em toda parte. Esse mundo está dentro e fora do homem, ensinou o escritor nascido em Cordisburgo, no norte de Minas. Essa concepção é fundamental em sua obra, resultado da assimilação e transfiguração de duas vertentes da literatura brasileira da primeira metade do século passado: regionalismo e espiritualismo. A paisagem do sertão se tornou tão importante como elemento narrativo quanto a investigação subjetiva dos personagens. Rosa mostrou que o jagunço, mesmo sem saber ler, também se dedicava a especulações metafísicas, em meio à violência produzida pela ordem política e social injusta.


Essa assimilação resultou em algo inédito na literatura nacional, segundo Walnice Nogueira Galvão, uma das maiores especialistas brasileiras na obra rosiana. Ele sintetizou – e superou – duas vertentes contrárias. Ao valorizar o apuro formal, o experimentalismo lingüístico, o contato com a literatura universal e a criação de uma prosa como quem escreve poesia, Rosa fez a expressão pela literatura, no País, avançar ao mais alto grau. ‘Sua maior contribuição é, sem dúvida, a renovação e o enriquecimento da língua literária’, afirma Walnice. ‘Nenhum outro autor brasileiro alcançou esse resultado, nem em poesia, nem em prosa, nem em dramaturgia, nem em nada.’


Embora inevitavelmente associado a uma região brasileira, o autor de Grande Sertão: Veredas se fez universal, característica nascida na erudição tanto literária quanto poliglota, segundo Walnice, que está lançando Mínima Mímica, conjunto de ensaios sobre a obra rosiana. O que surpreende na ficção de Rosa é a capacidade de reproduzir misteriosos processos de criação da língua, como se o escritor estivesse simultaneamente visitando o começo e o futuro da mais alta literatura.’


 


 


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Um escritor que brincava de imaginar


‘O médico e diplomata João Guimarães Rosa (1908-1967) era um produtivo criador de enredos, personagens e palavras. Sua imaginação ficcional, sempre pronta a se revestir de uma aura mágica, assombrou a literatura brasileira no século passado. Professora de literatura na USP, Walnice Nogueira Galvão não esconde o fascínio que a erudição universal, a inovação lingüística e o gosto de Rosa pelo mistério exercem sobre ela.


A respeito de A Terceira Margem do Rio, um dos contos rosianos mais célebres, ela afirma: ‘Para escrever a respeito dessa estória, seria necessária uma mão iluminada como a de Guimarães Rosa.’ Essa mão lutava contra a escrita de lugares-comuns: brincava com as palavras, estava a serviço do espanto de que elas são capazes quando se descobrem os seus poderes. Às vezes, Rosa ‘escreve como quem está em estado de graça’.


A intensa admiração pelo literato mineiro, no entanto, não é limite para Walnice pensar, com rigor e vasto arsenal teórico, a obra daquele que proporcionou um salto evolutivo à língua literária no Brasil. Seu livro mais recente, Mínima Mímica (Companhia das Letras, 352 págs., R$ 53), prova essa percepção.


Nesse conjunto de ensaios, a estudiosa utiliza variadas abordagens, da psicanálise e filologia à mitografia e história. Dividido em três partes, Mínima Mímica contempla livros diversos de Rosa, os contos de Primeiras Estórias, o extenso romance Grande Sertão: Veredas e as narrativas minimalistas de Tutaméia – Terceiras Estórias.


Analisam-se não só os experimentos lingüísticos, em que Guimarães Rosa fundia sufixos de línguas diferentes, criando expressivos neologismos, mas o gosto por culturas longínquas no tempo e no espaço.


O texto que dá título ao livro trata do conto Orientação, de Tutaméia. Walnice elabora longa introdução sobre as imigrações ocorridas no Brasil a partir da proibição do trabalho escravo, no fim do século 19. Aponta para a curiosa ausência, no País, de povos migradores como os chineses, os gregos e os indianos, que se destacam ‘por sua visibilidade nos mais remotos cantos do globo’. Por isso, soa raro, talvez esquisito, segundo Walnice, encontrar um personagem vindo da China em Orientação. ‘O que teria ido fazer um chinês no inóspito sertão?’, ela indaga. A resposta começa pela seguinte noção: o sertão é o ponto de partida e de chegada da ficção rosiana. O mundo todo pode caber nesse espaço.


Ali surge não só o chinês, mas o japonês, o índio, o cigano. ‘Guimarães Rosa é atento à diferença, que aprecia e na qual se rejubila, diferença que para ele se flagra, sobretudo, na linguagem – de que era grande observador e experimentador.’ Orientação apresenta a história de Yao Tsing-Lao, o Kim, e Rita Rôla. Em outras palavras, é a narrativa de uma ‘estória de amor’ entre um chinês, a civilização milenar, e uma sertaneja, uma incivilizada. Walnice questiona se o desentendimento entre ambos, provocando o fim do romance e a partida de Kim, se deve ao excesso de diferença, fator de atração num primeiro momento.


Rita lamenta o fato de não ter tido um filho, a idéia de uma síntese provada impossível. Walnice afirma que, no começo do romance, os olhos idealizadores de Quim criaram uma nova mulher. A tal ponto que os outros vêem também as mudanças: ‘A gente achava-a de melhor parecer, senão formosura. (…) No que o chino imprimira mágica – vital, à viva vista: ela um angu grosso em fôrma de pudim.’ Essa mudança parte do interior, algo que se internaliza no sujeito e provoca a mudança, base das imagens criadas no romance Grande Sertão: Veredas, exemplo apontado por Walnice.


No fim de Orientação, as expectativas são contrariadas. O que parecia ser uma assimilação de Quim à cultura sertaneja se torna a desorientação de Rita, que indaga onde fica a terra do amante sumido. Segundo a autora de Mínima Mímica, esse conto é uma ‘fábula de aculturação às avessas’.


O processo literário rosiano se modela no gosto pelas diferenças de diversas ordens: lingüísticas, culturais, religiosas, etc. ‘As contribuições de várias línguas e de outros autores da literatura universal estão condensadas na obra de Guimarães Rosa, que não gostava de sair por aí contando suas leituras’, diz Walnice. Esse patrimônio cultural reunido num só indivíduo se prestava a explorar a idéia da vida como uma travessia. A literatura de Guimarães Rosa é indissociável do susto provocado pelo absurdo de que parece ser composto o labirinto da existência.


Trecho


‘Orientação é o título que explora as virtualidades desse vocábulo e de sua relação com o Oriente. Pois trata de um cidadão do Oriente, da civilização que traz em si, e de seu choque com uma sertaneja. Contrariando a expectativa, não é ele quem se acultura à sociedade inclusiva, mas ela que, bem ou mal, acaba por se aculturar a ele. Desorientada é ela, carecendo de orientação, de rumo (depois da separação, ela pergunta de que banda fica a terra dele e respondem-lhe apontando ?o rumo… da Extrema-Ásia?), enfim de bússola. Como se vê, antinacionalista e anti-racista, o conto considera que a miscigenação com o elemento alienígena não-branco, isto é, ?amarelo?, nos melhora. E assim termina esta fábula de aculturação às avessas.’’


 


 


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A superação dos limites regionais


‘Em todo fim de tarde o nhambu, uma ave do sertão, anuncia com o seu canto o pôr-do-sol, é o começo da noite com os seus sortilégios. Conhecido como nhambu-relógio por demarcar a hora do lusco-fusco, palavra da predileção de Rosa, o nhambu aponta para o fim do trabalho: é a entrega à cantoria. Inspirado nesse pássaro que volta e meia aparece nas obras de Guimarães Rosa, um grupo paulistano – que se vale do regional para produzir uma música em direção ao universal – se batizou de Nhambuzim, acrescentando o carinhoso diminutivo.


‘Guimarães Rosa conta, a gente canta e reconta’, diz o pianista Xavier Bartaburu sobre a fórmula do Nhambuzim no primeiro CD – Rosário. O trabalho será apresentado em show gratuito hoje, às 19h30, no Centro Cultural São Paulo. ‘Mas é preciso deixar claro que o Nhambuzim não é o grupo do Guimarães Rosa, usamos os personagens e enredos, a mitologia do sertão, que ele inventou como gatilho das nossas criações’, diz o compositor Edson Penha. Nhambuzim é mais uma confirmação da tendência da obra rosiana de extrapolar os limites da literatura brasileira, para a qual é poderoso modelo até hoje, para servir de alicerce à música, ao teatro e ao cinema. Com resultados notáveis, a provar o longa-metragem A Hora e a Vez de Augusto Matraga (1965), de Roberto Santos, a encenação de Grande Sertão: Veredas por Antunes Filho e as composições de Milton Nascimento, Chico Buarque e Caetano Veloso, entre outros.


Das 17 faixas que compõem Rosário, 13 são de autoria de três integrantes do grupo – Xavier Bartaburu, Edson Penha e Joel Teixeira (voz, viola e violão). A inspiração no rico criador de palavras que é Guimarães Rosa ampara o cuidado com as composições do trio. Mas eles não pretendem ser inventores de um novo vocabulário: as letras das canções surgem apenas de uma interpretação mergulhada na subjetividade. Os compositores do Nhambuzim dizem correr o risco do compor livremente sobre os livros de Rosa. ‘Não quero sugar o texto do escritor, eu apenas faço uma leitura com musicalidade e ritmo dos elementos do universo dele’, diz Edson Penha, que compõe tanto em cima de trechos como de contos inteiros. ‘Ele é um monstro, quero me manter dentro de uma proximidade que não destrua nem complique o trabalho de Guimarães Rosa’, completa.


A universalidade do escritor mineiro é um dos valores do Nhambuzim. Dizendo-se sertão sem deixar de ser cidade, brasileiro sem deixar de ser universal, o grupo criado em 2002 apóia-se no seguinte pilar: as canções ganham um cuidadoso arranjo de vozes e se aliam a diferentes formas narrativas como a literatura oral.


Em cada canção, aparecem, às vezes simultâneas, às vezes em seqüência, as vozes de Edson Penha, Joel Teixeira e Sarah Abreu, que formam o Nhambuzim com Xavier Bartaburu (piano), André Oliveira (percussão), Itamar Pereira (baixo) e Rafael Mota (percussão). ‘A nossa forma de cantar está ligada às lavadeiras e rezadoras do interior de Minas Gerais’, define Xavier.


O diálogo entre essas vozes e os instrumentos – piano ao lado de berrante, viola ao lado do baixo – cria uma atmosfera geral de esperança no milagre que é a vida, como está sugerido no título da obra-prima rosiana – Grande Sertão: Veredas. Aqui veredas significando regato, arroio, pequeno curso de água que torna verde, mais vivo, uma terra dura. Se o sertão pode significar a violência como em Acerto de Contas (Joel Teixeira e Edson Penha), que trata da batalha mortal entre Diadorim e Hermógenes, em Grande Sertão…, ele pode ser o ambiente do afeto como em Um Miguilim (Xavier Bartaburu e Edson Penha), canção inspirada no menino protagonista da novela Campo Geral, do livro Corpo de Baile (1956). Grande Sertão… é a base de um bloco com sete canções do CD. Os livros Sagarana (1946), Primeiras Estórias (1962) e Tutaméia (1967) estão por trás de outras composições.


Além das canções autorais, Rosário traz duas obras originadas na tradição oral do Norte de Minas: Aboio e Encomendação de Almas, além de A Terceira Margem do Rio (Milton Nascimento e Caetano Veloso) e Sagarana (João de Aquino e Paulo César Pinheiro).


Serviço


Nhambuzim. Centro Cultural São Paulo (631 lug.). Rua Vergueiro, 1.000, Paraíso, telefone 3383-3400. Hoje, 19h30. Grátis


GRANDE SERTÃO: VEREDAS: Considerada a obra-prima rosiana, este livro (Nova Fronteira, 624 págs., R$ 59), publicado em 1956, apresenta a história de Riobaldo, narrador em primeira pessoa e um jagunço que se transformou em proprietário de terra. Riobaldo relembra as lutas, os medos e o encontro decisivo com Diadorim. O escritor tem por modelo a oralidade sertaneja, à qual acrescenta arcaísmos e elementos eruditos, criando uma linguagem especial. A atmosfera narrativa transita entre o mágico e o real.


MANUELZÃO E MIGUILIM: Essas duas, as mais famosas, compõem as sete novelas de Corpo de Baile, publicada em 1956 e depois desmembrada em Manuelzão e Miguilim (260 págs., R$ 32), Urubuquaquá no Pinhém (314 págs., R$ 36) e Noites do Sertão (260 págs., R$ 35), da Nova Fronteira. Narrada na novela Campo Geral, a história de Miguilim, um menino, fala das descobertas das belezas do mundo em meio à tragédia familiar. Manuelzão é protagonista de uma vida ressentida e laboriosa que faz uma festa.


SAGARANA: Composta de nove contos, esta obra marca a estréia de Guimarães Rosa, em 1946. Seu estilo ficcional, que mistura estrangeirismos e neologismos, regionalismos e arcaísmos, aparece já afinado. Entre os contos mais famosos de Sagarana (Nova Fronteira, 414 págs., R$ 46), estão Burrinho Pedrês e A Hora e A Vez de Augusto Matraga. A Hora… conta a história de um homem prepotente e violento que é vítima de um atentado, ao qual sobrevive por pouco. Arrependido, ele busca a redenção, imolando-se.


TUTAMÉIA: Publicado em 1967, este volume reúne 44 textos, 40 estórias e 4 prefácios que vêm não no começo, mas distribuídos em toda a obra. O conteúdo de Tutaméia – Terceiras Estórias (Nova Fronteira, 268 págs., esgotado) foi publicado primeiro em Pulso, um jornal de médicos. Nos prefácios, o escritor trata de linguagem e narração. Os contos são agrupados por extensão: do maior para o menor. O destaque é Desencontro, a história de um homem traído por sua amada.


PRIMEIRAS ESTÓRIAS: Volume publicado em 1962, reúne 21 contos, cujo tamanho diminui à medida que se vai do começo para o fim. O livro começa (As Margens da Alegria) e finda (Os Cimos) com um menino que visita os tios em cidade que está em construção, presumivelmente Brasília. Em Primeiras Estórias (Nova Fronteira, 236 págs., esgotado), está A Terceira Margem do Rio, uma das obras-primas rosianas que fala de um homem numa canoa vivendo no meio de um rio.


ESTAS ESTÓRIAS: Ao lado de Ave, Palavra (Nova Fronteira, 384 págs., esgotado), publicada em 1970, Estas Estórias (Nova Fronteira, 284 págs., R$ 37,90), de 1969, são nove contos, uma ‘continuidade’ das primeiras e terceiras estórias. O destaque é Meu Tio O Iauaretê, relato sobre a trajetória de um índio, caçador de onças no sertão. Ave, Palavra são recortes de jornais, fragmentos de diários, poemas. Nos 54 textos, Guimarães Rosa cria, na maioria, cenários fora do sertão.’


 


 


TELEVISÃO
Cristina Padiglione


Som Brasil é exibido para 114 países


‘Em seu segundo ano no ar, o Som Brasil segue carreira discreta, porém bem-sucedida, nas madrugadas de sexta para sábado. O programa é exibido atualmente em 114 países pela Globo Internacional, com bom retorno dessa platéia de brasileiros lá fora. E, antes que o ano termine, a Globo Marcas tem planos para lançar uma série completa de edições em DVD.


O horário para notívagos (após o Programa do Jô) não encontra aquela larga audiência da Globo, é verdade, mas o diretor Luís Gleiser sabe que é isso que lhe permite inserir entre grandes nomes alguns talentos ainda pouco conhecidos da massa. Longe da faixa nobre, afinal, a cobrança por audiência quantitativa é menor, o que favorece alguma experimentação musical. Até por isso, as edições de 2007 estão sendo reprisadas, com efeito, no canal pago Multishow.


CAZUZA É HOJE


O Som Brasil do dia, logo mais, é o poeta Cazuza, em tributo oportunamente encabeçado por Ney Matogrosso. Fecham o time de intérpretes: a cantora e compositora paulista Ana Cañas, a banda gaúcha Bidê ou Balde e o cantor carioca Tony Platão.’


 


 


 


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Comunique-se


Sexta-feira, 27 de junho de 2008


 


ESTADÃO
Comunique-se


Infoglobo está analisando oportunidade de compra do Estado de S. Paulo, 26/6


‘As informações que dão conta do interesse do grupo Globo na compra do Estadão ganharam mais força nos últimos dias. Há até quem diga que o jornal já foi comprado. A Infoglobo confirmou ao Comunique-se, por meio de sua assessoria, que está analisando a oportunidade de compra.


Sabe-se que a família Mesquita já tinha interesse em vender o jornal e que a Editora Abril era uma das possíveis compradoras. E não é segredo que os herdeiros de Roberto Marinho queiram ter um grande jornal em São Paulo.


Fontes dão conta de que a família Mesquita teria duas possibilidades: vender o jornal para o grupo Globo ou unir parte de suas ações nas empresas com o que Patrícia Mesquita, herdeira das Lojas Americanas e do Grupo Estado, possui e ter apoio de um fundo de investimentos para comprar o restante das ações.


O Grupo Estado tem dito, por meio de sua assessoria, que as informações sobre a venda do Estado de S. Paulo são infundadas.’


 


 


Sérgio Matsuura


Repórteres experientes deixam Grupo Estado em Plano de Demissão, 26/6


‘Com quatro Copas do Mundo no currículo, Cosme Rímoli se mostrou um dos mais competentes repórteres esportivos de São Paulo. A conquista de cinco prêmios da Aceesp reflete o reconhecimento entre os colegas de profissão. Nesta quarta-feira (25/06), após 22 anos na redação do Jornal da Tarde, Rímoli se despediu da casa. Ele foi incluído no Plano de Demissão Voluntária (PDV) do Grupo Estado.


‘Fiz a faculdade inteira pensando em ficar no jornal, mas estou feliz, saio de cabeça erguida. Minha missão foi cumprida’, diz Rímoli.


No Estadão, quem deixa a editoria de Esportes é Heleni Felippe. Ela, ao menos, pôde optar entre ficar ou sair, oportunidade que Rímoli não teve. Este ano, a repórter cobriria sua quarta Olimpíada. Após 17 anos, ela foi uma das ‘elegíveis’ ao PDV e deixa o jornal esperando novos desafios na carreira. ‘Não vou parar. Eu quero continuar trabalhando’.’


 


 


 


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