Tuesday, 07 de May de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1286

Novas mídias, onde menos se espera

Acompanhando uma coluna sobre negócios e empresas, deparei com um caso muito interessante para com o mercado publicitário. A Companhia Vale do Rio Doce (CVRD) estava com um problema com suprimentos rejeitáveis, mais exatamente os pneus dos veículos que andam nas minas no estado do Pará. Pneus de dez metros de altura e que na hora de seu descarte sempre geravam uma dúvida para a empresa. O que fazer com esses enormes pneus? E foi então que um funcionário da própria empresa teve a bela idéia: vamos transformar os pneus em espaços publicitários. Como? Publicidade no pneu? Estranho mas é isso mesmo. O que era rejeito virou propaganda institucional.

Começou a ser usado na CVRD então o ‘pneudoor’, isso se pudermos chamar assim. Uma ótima idéia, a meu ver. Ecologicamente correta, politicamente correta, e publicitariamente correta.

Novas mídias surgem como amparo para um mercado cada vez mais exigente e ansioso por inovação. Destacar-se da concorrência não é tão simples e necessita muita criatividade e trabalho.

Até no banheiro

Esta que vou contar, algumas pessoas já devem ter visto, principalmente nas capitais e grandes centros. Estava em um bar quando, depois de uma ou outra cervejinha, me deu aquele desejo repentino de ir ao banheiro (quem já bebeu cerveja que o diga como acontece). Posicionando-me em frente ao reservado dou de cara com a foto de uma mulher espantada com, segundo ela, o tamanho daquilo que ela estava vendo. Ao ler a mensagem, e ao menos durante alguns segundos sem ter como sair dali e não ler o que está escrito, vi que era um comercial de uma empresa de mídia para banheiro.

Tirei uma foto para mostrar às pessoas, pois achei interessante. Como não ver um comercial num local em que por um tempo você não pode sequer se mexer direito sem fazer um estrago? Desse dia em diante, presenciei essa mídia em outros lugares e constatei que estava se consolidando uma nova oportunidade de anunciar nossos clientes.

Não há como escapar

E as inovações não param por aí. Você está com fome, pede uma pizza e, quando o entregador chega, eis que surge aquela caixinha com um anúncio impresso em sua parte superior com o novo lançamento de uma construtora. No meio de uma mordida e outra você fica sabendo quantos quartos e o valor das prestações de mais um empreendimento imobiliário.

Depois da pizza você carinhosamente chama seu (sua) namorada (o) para uma noite romântica. Vão para o quarto e vem aquela frase: meu amor, pega a camisinha! Todo empolgado você vai ao criado mudo e pega uma embalagem. Mas, espere um pouco, na camisinha tem um anúncio também, de uma rádio FM da cidade, com sua freqüência e estilo musical. Até tu, Brutus!!! Não tem jeito, é mídia para toda parte.

A prática e a teoria

Tantas novas alternativas deixam a gente louco, às vezes. Para os profissionais da área fica a tentativa constante de empreender novas possibilidades, de fazer acontecer, e de forma diferente do outro, de preferência. Para o consumidor, socorro! É um Deus nos acuda.

Na faculdade, quando estou em sala de aula e tenho de abordar tais temas nas aulas aos períodos iniciais ou nas aulas de planejamento para as turmas mais avançadas, tenho sempre uma infinidade de exemplos de formas de mostrar a cara do nosso amigo anunciante. E por mil vezes deparei com uma situação nova, algo que nunca tinha visto (e algumas delas, confesso que não vi ainda, eles podem estar me enganando) trazidas pelos alunos dizendo que viram anúncios nos mais inusitados locais e condições.

Seja onde for que você estiver agora, pense bem. Não tem como correr. Então, se você não pode com eles, junte-se a eles. Quem sabe não tem por aí uma empresa que aluga espaço no seu próprio corpo durante um tempo para vender seus produtos?

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Publicitário e professor universitário