Friday, 19 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

A crise, a mídia e as bolhas

Bem-vindos ao Observatório da Imprensa.

Hoje foi dia de trégua no mercado financeiro internacional. Trégua não significa reversão, o desfecho do turbilhão ainda não é visível mas perfeitamente previsível: nada será como antes.


Está claro, porém, que o crash de ontem começou como bolha. A bolha hipotecária não foi a primeira. Antes dela, no fim dos anos 90, tivemos a bolha da internet, antes ainda a bolha da globalização. Mas como se fabrica uma bolha? Como é que um modismo se transforma em tendência e esta numa bola de neve incontrolável?


A mídia não inventa as bolhas, a mídia apenas sopra e apenas as agiganta. Uma boa notícia pode rapidamente converter-se em euforia e da euforia passar ao delírio quando é noticiada de forma acrítica, sem pontos de interrogação e sem dúvidas.


Quando a mídia americana lembrou-se de questionar a febre hipotecária, já era tarde. Quando alguns analistas começaram a reclamar contra os altos bônus pagos aos executivos das instituições financeiras, o mal era irreversível. Quando os grandes veículos começaram a admitir que o mercado financeiro precisava ser regulado, já não havia mais retorno. Isto vale, inclusive, para a grande imprensa brasileira que tem urticária só de ouvir a palavra regulação e controle público.


A imprensa nunca tem culpa, a não ser quando esquece que a função da imprensa é fiscalizar.


Assista ao compacto desse programa em:
www.tvebrasil.com.br/observatorio/videos.htm