Saturday, 20 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

A crise dos tabloides ingleses

Bem-vindos ao Observatório da Imprensa.

É o maior escândalo jornalístico da era moderna e promete tornar-se ainda maior. A bolha que explodiu na semana passada está sendo alimentada há quase dez anos e não se resume à sórdida atuação do tabloide dominical, News of the World.

Ao fechar um jornal altamente lucrativo, seu dono, Rupert Murdoch, não está tentando parecer decente. Está, sim, tentando salvar os baluartes do seu império situados principalmente nos Estados Unidos e na Inglaterra.

Embora se desenrole em outro hemisfério, a milhares de quilômetros de distância, este mórbido caso com seus funestos protagonistas precisa ser acompanhado pelo cidadão brasileiro porque está em jogo a defesa de uma das instituições mais importantes para o bem-estar da humanidade: a imprensa livre.

Murdoch e seus asseclas são corsários, sequestram a privacidade para vendê-la por centavos a milhões de leitores que não sabem como estas intimidades foram devassadas. Acontece que Murdoch é o chefe de uma máfia política identificada com a extrema-direita que não se incomoda em degradar a imprensa, desde que esta degradação sirva para dar-lhe mais poder.

Se as imprensas inglesa e americana fossem efetivamente autorreguladas, os jornais de Murdoch e a Fox News não agiriam com tanta desenvoltura por tanto tempo. Se a concorrência fosse lá seriamente acompanhada, Murdoch não poderia ser dono de jornais e Tv nas mesmas cidades.

O caso Murdoch estourou na Inglaterra, já chegou aos Estados Unidos mas interessa vitalmente aos nossos jornalistas e, principalmente, aos nossos leitores e telespectadores.

É bom registrar que as mazelas de nosso jornalismo são insignificantes comparadas com as torpezas produzidas por Murdoch. Mas, se não tomarmos cuidado, podemos rapidamente chegar lá. Convém não esquecer que a imprensa amarela é uma praga mundial que aqui chama-se imprensa marrom.