Wednesday, 24 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

A imprensa como campo de batalha

Bem-vindos ao Observatório da Imprensa.


Estamos envolvidos em duas guerras mas não podemos perder de vista a paz e outras boas causas. Uma destas causas é o exercício da memória e através dele chegamos a uma de nossas mais importantes instituições. Ontem comemoram-se os 95 anos de fundação e funcionamento da ABI, a Associação Brasileira de Imprensa. Este Observatório associa-se às homenagens prestadas a esta trincheira da democracia e aproveita para lembrar que parte da trajetória da ABI está ligada à figura inspiradora de Barbosa Lima Sobrinho.


Uma das guerras ora em curso produziu hoje em Bagdá três dolorosas baixas no front jornalístico. Aumentou para doze o número de profissionais de imprensa que desde o dia 20 de março pagaram com a vida o compromisso de buscar a verdade. Buscar a verdade é perigoso em qualquer parte do mundo. Na guerra que o nosso país está travando contra o narco-terrorismo também foram sacrificados dois buscadores da verdade, dois corajosos magistrados brasileiros que levaram às últimas conseqüências seus compromissos com a sociedade. Sabiam que não poderiam omitir-se e sabiam também que não poderiam esconder-se. Parte do poder do narco-terrorismo vem do fato de que muitos daqueles que deveriam combatê-lo abertamente, acabrunham-se, quando não sucumbem ou se acumpliciam.


Outra parte do poder das facções criminosas vem da glorificação que a mídia involuntariamente constrói quando proclama seus feitos contra a legalidade. Mas a mídia não pode intimidar-se, a mídia não pode omitir-se, nem muito menos minimizar a grave situação em que nos encontramos. Estamos submetidos a uma poderosa legião de assassinos sem escrúpulos de matar inocentes e, sobretudo, com fabulosos recursos para corromper consciências. Mais uma vez fica claro que o campo de batalha somos nós, a imprensa: se calamos estamos enganando nossos leitores; mas se expomos demasiadamente os bravos juízes que esquecem o conforto para enfrentar a bandidagem colocamos suas vidas em risco. Uma coisa é certa: não podemos nos omitir. Tirar da pauta a nossa guerra é o melhor caminho para perdê-la.


Assista ao compacto desse programa em:
www.tvebrasil.com.br/observatorio/videos.htm