Friday, 19 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

A ressaca olímpica

Bem-vindos ao Observatório da Imprensa.

Os jornais de hoje estavam diferentes. Talvez piores do que o usual. Durante quase três semanas, a mídia inteira festejou a Olimpíada de Pequim, mesmo que pouco houvesse para festejar, mesmo que as notícias chegassem atrasadas algumas horas.


Olimpíadas encerradas, vamos discutir durante alguns dias o mau desempenho da nossa delegação. Depois disso, e ao longo dos próximos quatro anos, o esporte amador vai evaporar-se novamente dos jornais, telejornais e radiojornais.


Estamos diante de outra versão da história do ovo e da galinha: a mídia não dá atenção ao esporte amador porque nada acontece nesta área, ou nada acontece justamente por que a mídia não vai acompanhar?


Uma coisa é certa: a ditadura do futebol, além de nos oferecer poucas alegrias ultimamente, contribui muito para sufocar a cobertura do esporte amador. E nos dois casos nossa mídia comete um pecado capital: trata da competição mas esquece dos bastidores (ou dos porões). Nos dois casos, a cartolagem raramente é incomodada; nos dois casos o espaço dedicado às mazelas estruturais é ínfimo.


O desenvolvimento do esporte olímpico no país não depende de acessos de voluntarismo ou impulsos setoriais, requer soluções integradas. Maior participação das universidades, mais estímulo aos grandes clubes para se tornarem poliesportivos e, sobretudo, a percepção de que o pódio e as medalhas de ouro fazem parte de um processo onde a mídia aparece no início como motivadora e aparece no fim como a principal cobradora.


Assista ao compacto desse programa em:
www.tvebrasil.com.br/observatorio/videos.htm