Thursday, 28 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1280

A tardia chegada da imprensa ao Brasil

Bem-vindos ao Observatório da Imprensa.

Os duzentos anos da imprensa brasileira que começam a ser festejados hoje juntam-se ao décimo aniversário deste programa. O resultado é esta série de três apresentações em formato especial que iniciamos hoje.

Em 13 de maio de 1808 foi assinado o decreto que criava a Impressão Régia. A Colônia saía das trevas, onde estivera até então condenada, para ingressar na era moderna iniciada cerca de 354 anos antes em Mainz, Alemanha, com a invenção dos tipos móveis por Johann Gutenberg.

Não foi generosidade do regente D. João no dia do seu aniversário. Foi necessidade: o povo precisava ser informado a respeito da sucessão de atos promulgados pela Coroa. Necessidade e também sorte, porque nos porões da nau Medusa, que participou do comboio que trouxe a Corte de Lisboa, estavam encaixotados os prelos e as caixas de tipos que haviam sido comprados na Inglaterra para a Impressão Régia Lisboeta.

O bom governo exigia uma boa comunicação e, com base num axioma tão simples, desabou a rigorosa censura construída a partir do estabelecimento da Santa Inquisição no Império português, em 1536: 272 anos de silêncio e ignorância.

Este atraso deixou marcas nas instituições, na cultura e nas mentalidades. Incorporou-se ao nosso DNA. Hoje, no gozo de todas as franquias democráticas, é impossível ignorar as deformações herdadas de um regime tão duradouro, autoritário, teocrático e avesso ao saber.

Sem tipografias até 1808 e expostos a uma severa censura inquisitorial, que impediu a chegada das idéias iluministas, pode-se dizer que passamos ao largo do Renascimento por força do calendário e, por vontade própria, deixamos de aproveitar as luzes do final do século 18.

Enquanto os futurólogos extasiam-se com as fantásticas perspectivas que serão trazidas pela tecnologia, nesta série, o Observatório da Imprensa prefere rever a história inspirado na lição de George Santayana: “aqueles que não conseguem lembrar o passado correm o risco de repeti-lo.”

Assista ao programa na íntegra em:
www.tvebrasil.com.br/observatorio/videos.htm