Thursday, 18 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Argentina e Paraguai

Bem-vindos ao Observatório da Imprensa.


Você não foi convocado a votar no domingo passado. Mas houve eleições que dizem respeito a você, a nós brasileiros, sul-americanos democratas e cidadãos de olho no mundo. Na Argentina e também no Paraguai tivemos eleições presidenciais que podem afetar as nossas vidas. Na Argentina principalmente porque trata-se do mais importante vizinho, um dos nossos grandes parceiros comerciais e políticos no âmbito do Mercosul e da política internacional.



Nos lances finais do pleito argentino, a mídia brasileira deu-lhe alguma atenção. Como sempre apressada e motivada pelo placar das pesquisas, houve aqui alguma movimentação para saber quem chegaria ao segundo turno. No entanto, o fato mais grave, a apatia do eleitorado e a consequente apatia da mídia local, ficaram mais ou menos esquecidos. Tudo mudou quando o correspondente em Buenos Aires de um grande jornal brasileiro, há três semanas, chamou a nossa atenção para uma questão política da maior relevância: a maioria dos candidatos eram peronistas e a única exceção era um anti-peronista ferrenho. Isso significa que, 58 anos depois do golpe que levou Juan Domingo Perón ao poder, sua figura e grande parte do seu ideário continuam presentes na ordem do dia.



Este cansaço político-partidário agravado pela crise econômica, afetou a mídia argentina o que, por sua vez, transferiu-se à nossa imprensa. O círculo vicioso de apatia gerando apatia só foi cortado pela vigilância dos correspondentes brasileiros em Buenos Aires. Isso traz de volta uma questão já tratada em edições anteriores do Observatório da Imprensa. Num mundo cada vez mais interdependente, nossa cobertura internacional é cada vez mais dependente.



Estamos cada vez mais sujeitos ao material das agências e jornais estrangeiros e cada vez menos presentes num mundo que se transforma em alta velocidade. O recurso usual de despachar na última hora os tais ‘enviados especiais’ para cobrir eventos tem efeitos apenas cosméticos. A cobertura regular e atenta é insubstituível, o jornalismo por espasmos cria leitores viciados em espasmos e portanto mais vulneráveis ao sensacionalismo. A discussão de hoje sobre as eleições argentinas tem para este Observatório um sentido muito especial. Será a nossa primeira tentativa de dar um salto além de nossas fronteiras, trazendo para você, observador da imprensa, a participação ao vivo de jornalistas argentinos diretamente de Buenos Aires. Às vésperas do nosso quinto aniversário este pequeno feito tem o sentido de uma comemoração.


Assista ao compacto desse programa em:
www.tvebrasil.com.br/observatorio/videos.htm