Friday, 26 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

As galas e a maldição

Bem-vindos ao Observatório da Imprensa.

A função não poderia ser mais honrosa e mais visível. A presidência do Senado soma-se sempre à chefia do Poder Legislativo. E, apesar de tantas galas, a presidência do Senado brasileiro tem algo de maldita. Boa parte dos seus ocupantes não consegue encerrar o mandato sem traumas.


Antonio Carlos Magalhães, o famoso ACM, foi obrigado a renunciar quando deixou a presidência. O seu sucessor, Jader Barbalho, teve o mesmo destino. Exceções foram Edson Lobão, Ramez Tebet, Tião Viana e Garibaldi Alves. Mas Renan Calheiros caiu da presidência da casa envolvido numa rede de escândalos conjugais e fiscais. José Sarney foi eleito no dia 4 de fevereiro e já no dia seguinte começava o seu inferno astral que, parece, não se encerrará tão cedo.


O problema não é apenas do Senado. A Câmara dos Deputados foi palco de vexames iguais no episódio do mensalão. O problema não está no Legislativo. A maldição só se encerrará quando os eleitos perceberem o perigo de confundir a esfera pública com a esfera privada.


Mais uma vez, as denúncias foram vocalizadas pela imprensa e, mais uma vez, a imprensa foi colocada, indevidamente, no banco dos réus, acusada, inclusive, pelo presidente da República, de denuncista, portanto irresponsável.


A imprensa cumpre o seu papel institucional. Se cometeu erros foi por omissão já que nenhum destes escândalos é recente. Os atos secretos são antigos. Um pouco mais de agilidade teria assustado os infratores. Um pouco menos de complacência impediria a extensão da ilicitude.


O jornalista deve ser treinado para ter horror aos abraços. O envolvimento com a fonte é sempre pernicioso para o jornalista. No dia em que isto for devidamente compreendido, a presidência do Senado não será mais um cargo maldito.


Assista ao compacto desse programa em:
www.tvebrasil.com.br/observatorio/videos.htm