Thursday, 28 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1281

Censura

Bem-vindos ao Observatório da Imprensa.

Você pode contar: de 1998 até hoje já tratamos de grampos telefônicos sete vezes, a última foi em nossa última edição ao vivo quando da demissão do colunista do Globo, Ricardo Boechat por causa de uma gravação clandestina.


Não emitimos sentenças porque não somos um tribunal mas o saldo destas discussões deste Observatório aponta numa direção: a utilização abusiva de transcrições de grampos ilegais compromete tanto a noção de jornalismo investigativo como a própria equidistância da imprensa, convertida em joguete de interesses contrariados, em geral escusos.


Agora, surpreenda-se: o grampo que vamos examinar hoje foi utilizado com todas as cautelas pelo jornal O Globo para denunciar o governador Anthony Garotinho. Não foi transcrito mas serviu de base para investigações tecnicamente corretas. Então qual a novidade? A novidade é que O Globo foi impedido de publicar as fitas por uma decisão judicial. E aqui a coisa muda de figura: ao invés do grampo, temos a mordaça.


Isso é grave, gravíssimo. A mídia reagiu em uníssono contra o ato censório e dias depois ludibriando a decisão, o Jornal do Brasil publicou parte da transcrição. Não nos interessa o teor das denúncias contra o governador fluminense. Este Observatório trata da imprensa e neste sentido Anthony Garotinho presta um enorme serviço 16 anos depois do fim da censura.


Este Observatório entende que a decisão de divulgar ou não divulgar gravações ilegais de interesse público deve ser de foro íntimo do jornalista. Livre arbítrio. Consciência ética ou código deontológico mas nunca imposição de qualquer poder inclusive do Judiciário. A praga do grampo deve acabar mas não através do uso da mordaça.


Assista ao compacto desse programa em:
www.tvebrasil.com.br/observatorio/videos.htm