Friday, 26 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Clube da Luta

Bem-vindos ao Observatório da Imprensa.

Você sabe do que vamos tratar hoje. O assunto impõe-se num programa como o nosso. Evidentemente vamos tratar do ‘Clube da Luta’ e da chacina no cinema que o exibia. Mas daqui a pouco. Espere. Antes vamos tratar de outra violência, menos ostensiva, menos badalada, mas igualmente perturbadora: a ausência de profissionais negros na mídia brasileira.


Faz parte do quadro de agressões e exclusões da nossa civilização mas se estamos aqui, nós e você, para modificar uma situação, esse é um dos problemas que precisamos encarar com seriedade e premência.


Uma redação deve representar, senão estatisticamente, pelo menos culturalmente, a sociedade para a qual produz as informações. Uma redação deve espelhar de alguma forma o perfil do público a que serve. E se o jornalismo deve contribuir para que o mundo melhore e um grupo como o dos negros está excluído, esta melhoria será sempre discutível.


Chacinas ocorrem todos os fins de semana nas periferias das grandes cidades. Mas o metralhamento do público num cinema de um sofisticado shopping de São Paulo abalou o país. Não apenas porque o assassino é um jovem e rico sextanista de medicina mas porque se confessou consumidor de drogas e porque descobriu-se sofria de sério desequilíbrio psíquico.


O fato de ter escolhido um dos filmes mais violentos do ano para servir de cenário para a matança não foi tão enfatizado. Muito menos um dos dois bilhetes que deixou no quarto onde passou a última noite. Dizia o seguinte: mídia, realidade, sociedade hipócrita. Com apenas essas três palavras, aparentemente sem nexo, o próprio assassino estabelece uma pauta para discutir o seu ato.


Se a mídia não quer discutir o papel da mídia nessa violência, discutiremos nós.


Assista ao compacto desse programa em:
www.tvebrasil.com.br/observatorio/videos.htm