Thursday, 25 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Como a mídia cobre a mídia

Bem-vindos ao Observatório da Imprensa.

Quando, na semana passada, o presidente Lula indicou dois jornalistas para compor o seu Ministério, a mídia concedeu-lhes tratamento visivelmente diferenciado. Miguel Jorge, o novo ministro do Desenvolvimento, foi bem recebido. Franklin Martins, até há pouco, uma das estrelas do jornalismo político, foi acolhido com reservas: não pela sua competência profissional mas porque a Secretaria que vai comandar será redesenhada. Antes mesmo que o novo desenho fosse conhecido e o ministro tomasse posse e anunciasse os seus planos, a má-vontade da mídia já era evidente. Voltaremos ao assunto.


A mídia não gosta de discutir a mídia. A mídia discute o presidente da República, discute e critica o Legislativo, põe em dúvida o discernimento do Judiciário mas a mídia detesta discutir a mídia. Esse é um vício antigo. A exceção foi aberta em 1989 pela Folha de S. Paulo quando seguiu o exemplo de alguns grandes jornais mundiais e criou o cargo de ombudsman ou ouvidor.


O avanço, infelizmente, não se transformou em modismo: apenas o jornal O Povo, de Fortaleza, mantém um ouvidor e a única emissora de tevê a adotar a nova instância foi a Radiobrás, estatal.


Assim como a ouvidoria não é a única fórmula para garantir a transparência e o grau de responsabilidade social de uma empresa, a imprensa não é o único segmento social apto a servir-se de ouvidores. Na democracia moderna cada poder deve ser moderado por um contra-poder.


Agora que a Folha de S. Paulo prepara-se para anunciar o seu nono ombudsman em 18 anos e a mídia parece ouriçada com a indicação de um supersecretário de comunicação, convém parar para discutir a mídia. Abertamente. Sem preconceitos.


Assista ao compacto desse programa em:
www.tvebrasil.com.br/observatorio/videos.htm