Friday, 26 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Cursos de jornalismo: avaliação

Bem-vindos ao Observatório da Imprensa.


Você acabou de ver a abertura do programa do dia 25 de maio de 2002 quando denunciamos uma sentença judicial que restabeleceu a censura prévia na mídia brasileira. O juiz Renato Khamis do TRT de São Paulo entrou com uma medida cautelar proibindo qualquer menção ao processo administrativo que o envolvia por assédio sexual.


Começava a era da censura togada. Esta era acabou no fim de agosto quando caiu a medida cautelar e a imprensa ficou liberada para tratar do assunto dentro dos limites impostos pelos procedimentos judiciais. A Folha de S. Paulo foi o único jornal que hoje registrou o fim do vexame.


A imprensa sofre ataques externos e sofre de mazelas internas. O ensino do jornalismo é uma destas mazelas porque o Brasil é um dos países onde a profissão de jornalista é regulamentada, ao contrário de outros países onde o acesso é livre.


No Brasil para ser profissional de imprensa é necessário um diploma. Logo a qualidade do jornalismo que se pratica no país não pode ser desvinculada da qualidade do ensino de jornalismo. No entanto esta qualidade é condicionada pela quantidade.


Segundos dados do INEP do Ministério da Educação temos 324 escolas de jornalismo que colocam no mercado de trabalho 13.200 novos jornalistas todos os anos. Como o mercado de trabalho pode absorver no máximo 20% deste total, o ensino do jornalismo transformou-se na indústria do diploma.


O que interessa à maioria das 259 escolas privadas de jornalismo é dar um diploma porque sabem que dificilmente os diplomados chegarão a trabalhar como jornalistas.


O provão de jornalismo não conseguiu fechar verdadeiras arapucas acadêmicas protegidas por caciques políticos locais. E só agora o novo governo decidiu que manterá o exame de avaliação das escolas talvez com outro nome e novos critérios. Antes assim.


Mas enquanto o sistema, sobretudo o sistema privado, não é saneado assistimos a vexames como o que aconteceu com a Cásper Líbero de São Paulo, a mais antiga do país, onde 17 professores com larga experiência profissional demitiram-se em protesto contra o que consideram a mercantilização do ensino de jornalismo.


Por isso, não podemos comemorar devidamente o fim de uma aberração judicial porque temos que encarar algo ainda mais grave: a desqualificação do ensino do jornalismo é tão perniciosa quanto a censura togada.


Assista ao compacto desse programa em:
www.tvebrasil.com.br/observatorio/videos.htm