Friday, 19 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Escândalo no Esporte coloca terceiro setor na berlinda

Bem-vindos ao Observatório da Imprensa.

Os céticos dizem que o Brasil é capaz de desmoralizar qualquer boa iniciativa ou causa justa, o que evidentemente é uma grande injustiça. Mas os escândalos envolvendo a gestão passada do Ministério do Esporte enlamearam uma das instituições mais originais e mais criativas do mundo contemporâneo: as ONGs, organizações não-governamentais.

São os agentes mais visíveis do terceiro setor: o primeiro setor é constituído pelo aparelho governamental, o segundo setor é o setor privado composto por empresas, empresários e corporações empresariais. O terceiro setor atua na esfera pública usando sobretudo recursos privados, mas não exclusivamente. O conceito desenvolveu-se no pós-guerra, em seguida à maior catástrofe dos últimos 500 anos, quando a formidável tarefa de reconstrução precisou ser partilhada entre organizações governamentais e não-governamentais.

O conceito de terceiro setor ampliou-se, somando-se ao da sociedade civil e da cidadania organizada. As ONGs são ágeis como a iniciativa privada, têm compromissos públicos como os governos mas não podem ser lucrativas. Seus funcionários são pagos mas em algumas ONGs seus diretores são voluntários não remunerados.

As ONGs pegas em flagrante delito só recebiam recursos de governos e os repassavam para empresas-laranjas ou fantasmas. A pandemia da corrupção fez o resto: aproveitou-se da falta de fiscalização e assim criou-se o que se pode designar como mamata gigante.

ONG é coisa séria. Muitos jornais comunitários americanos estão conseguindo sobreviver porque se transformaram em entidades não lucrativas, autênticas ONGs. Este Observatório da Imprensa, criado há mais de 15 anos, é uma ONG autêntica. E mesmo que não fosse, teria a obrigação de preservar uma das criações mais engenhosas e harmoniosas da sociedade contemporânea.