Wednesday, 24 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Estamos de olho

Bem-vindos ao Observatório da Imprensa.


Se você assiste a este programa pela Rede Cultura deve ter reparado que às 22:30 havia outro programa no ar. Não se preocupe, estamos aqui. A diferença é que quando eu digo aqui, você aí está em outro horário. Em São Paulo e nas afiliadas da Rede Cultura do Brasil, este Observatório foi desalojado do seu horário habitual e agora está sendo retransmitido às 23 horas.


Trata-se de uma decisão estratégica da TV Cultura que não nos cabe comentar, mas como Observadores da Imprensa e fervorosos defensores de uma Rede Pública de TV forte e entrosada só nos resta lamentar esta fratura na parceria entre a rede da TVE e a rede da Cultura. Quem sai ganhando com o enfraquecimento da Rede Pública de TV é, obviamente, a rede privada de TV. No site do Observatório você encontra a lista das emissoras de tv aberta e os canais por assinatura que continuam retransmitindo este programa às terças, às 22:30 e a sua reprise aos sábados, às 20 horas.


Estamos mergulhados numa crise política talvez sem precedentes mas esta crise não envolve apenas partidos e os poderes, inclusive o Executivo. Esta crise começou com uma denúncia da imprensa e ao longo destes dois meses ficou visível que a imprensa desempenha um papel importantíssimo no elenco da crise. E não apenas como veiculadora de denúncias.


Hoje na CPI, no depoimento do ex-araponga que gravou o vídeo da propina nos Correios e divulgado pela Veja, descobrimos estarrecidos que o ex-agente da ABIN, Jairo Martins de Souza agora é jornalista profissional e entregou para a mesma revista gravações de três importantes escândalos recentes.


Estamos assistindo à consagração pública do ‘jornalismo fiteiro’ onde a imprensa aceita associar-se a interesses e figuras no mínimo suspeitas. Envoltas em controvérsias estão também as revelações da revista IstoÉ/Dinheiro que trouxeram para a ribalta a ex-secretária do publicitário Marcos Valério e as suas surpreendentes histórias.


O que distingue as revelações de IstoÉ/Dinheiro é que o seu autor, o repórter Leonardo Attuch, não se esconde da opinião pública, dá satisfações, explica, responde às acusações da concorrente, Carta Capital. A repórter Renata Lo Prete, da Folha, também não refugiou-se na clandestinidade e revelou os bastidores das suas entrevistas com Roberto Jefferson. Assumiu – inclusive neste programa – que foi procurada pelo deputado.


A discussão sobre mídia que se trava no Brasil nada tem a ver com a discussão que se trava na imprensa americana a respeito da decisão da Suprema Corte de obrigar a revelação das fontes das matérias jornalísticas. Aqui as fontes secretas não estão em pauta e, sim, as suspeitas de que o trabalho jornalístico possa estar contaminado por interesses espúrios.


Fique atento, a cobertura da crise política está em toda a mídia, mas a discussão sobre o papel da mídia nesta crise você só encontrará neste Observatório da Imprensa – em qualquer horário.


Assista ao compacto desse programa em:
www.tvebrasil.com.br/observatorio/videos.htm