Friday, 26 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Como a imprensa cobre a taxação dos mais ricos

Bem-vindos ao Observatório da Imprensa.

A cobrança de tributos é tão antiga quanto a própria organização dos Estados, também as revoltas populares contra os rigores do fisco. Os fundadores da república americana estabeleceram um marco democrático ao determinar que o contribuinte deve ser, simultaneamente, um eleitor, de modo a torná-lo um fiscal do uso que os governantes fazem do seu suado dinheirinho.

A debacle econômica iniciada em 2008 trouxe novamente para a ordem do dia mundial a questão dos impostos, já que os contribuintes estão sendo chamados outra vez para reparar os desmandos ocorridos nos mercados financeiros e o desperdício de recursos públicos por governos perdulários e/ou corruptos.

A atual revolta contra os impostos é mais aguda nos Estados Unidos e reacendeu a velha questão de taxar mais os mais ricos. Surpreendentemente, quem saiu em defesa de uma distribuição mais justa de responsabilidades foi o trilionário Warren Buffett, o terceiro mais rico do mundo de acordo com a revista Forbes.

Buffett não ficou sozinho no ranking dos generosos. Recebeu apoios dos dois lados do Atlântico de celebridades endinheiradas como a dona da L'Oreal, Liliane Bettencourt e alguns ricaços espanhóis, todos unânimes em dizer que o imposto sobre as grandes fortunas não é uma solução em si, mas parte de um esforço global de reformas estruturais.

A grande mídia brasileira aparentemente não se entusiasmou com a ideia porque parte da premissa simplista de que o Estado não sabe gastar e portanto não merece o sacrifício dos afortunados. É uma posição duplamente reacionária porque descarta uma bela oportunidade para discutir questões relevantes, como a função social do capital, e estreita ainda mais o leque de opções para novas receitas em programas de emergência, como o da Saúde.