Thursday, 28 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1280

Mídia, crise aérea e o desastre TAM

Bem-vindos ao Observatório da Imprensa.

Inicialmente chamava-se crise aérea. Esta crise cresceu, cresceu e converteu-se em caos. E ontem, segunda-feira, este caos assumiu-se como colapso. Nas duas pontas desta sucessão de dramáticos substantivos temos duas tragédias: a do boeing da Gol e a do airbus da TAM. Com dez meses de diferença, o sacrifício de cerca de 350 vítimas.


As autoridades, como a diretora da ANAC, Denise Abreu, insistem em separar o colapso do transporte aéreo das duas tragédias. A ANAC, como sempre, está errada: entre as causas da tragédia com o avião da Gol, além do transponder desligado no jatinho, estão as falhas no tráfego aéreo e os pontos cegos no espaço aéreo da Amazônia. E, na terça-feira passada, pouco antes do fatídico pouso do airbus da TAM, havia um grande congestionamento aéreo em Congonhas, porque todos os aviões que se dirigiam ao Santos Dumont estavam sendo remanejados para o Galeão, por conta de um incêndio numa lanchonete no Santos Dumont. Não foi este incêndio no Rio que provocou a catástrofe em São Paulo, mas o colapso já estava delineado.


E a mídia? No desastre da Gol, entre o primeiro e segundo turno das presidenciais, a mídia foi acusada de fazer o jogo da oposição. Acusação injusta: a mídia foi na onda do ministro Waldir Pires que, desde os primeiros momentos, tentou jogar a culpa nos pilotos americanos. E na última quinta-feira, flagrado numa manifestação incompatível com o seu cargo, o assessor presidencial Marco Aurélio Garcia tentou explicar o gesto como uma revolta contra a cobertura da mídia.


Ora, se a notícia do Jornal Nacional, que tanto agradou o assessor do presidente, livrava o governo de culpas, sua denúncia contra a imprensa é, no mínimo, impertinente, descabida.


A verdade é que, no vácuo de informações e providências que se seguiu à catástrofe da terça passada, a imprensa cumpriu imediatamente com todos os seus deveres, os demais poderes omitiram-se. Principalmente o Executivo.


Assista ao compacto desse programa em:
www.tvebrasil.com.br/observatorio/videos.htm