Thursday, 25 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

O balanço da cobertura

Bem-vindos ao Observatório da Imprensa.

A dinâmica da comunicação muda rapidamente o foco do debate: na semana passada os protagonistas eram os bandidos que ameaçavam a cidade, depois irrompeu em cena o Estado brasileiro numa inédita ação para desbaratar o poder do narcotráfico. Agora, quem está na berlinda é a mídia que, segundo os críticos (sobretudo os paulistas), cobriu a operação policial-militar num estilo triunfalista e oficialista.

A controvérsia é legítima mas está mal colocada, melhor seria perguntar às comunidades liberadas e à população do Rio como avaliam o desempenho das autoridades. Se a resposta for positiva e se a população mostrar-se aliviada – todos os indícios apontam nesta direção – o triunfalismo da mídia seria apenas um reflexo do estado de espírito daqueles a quem é dirigido o noticiário.

Convém não esquecer que o Estado brasileiro vem sendo derrotado há pelo menos três décadas pelas facções criminosas e, no momento que se dá uma espetacular reversão, é natural que o cidadão e aqueles que o servem no campo informativo comemorem.

Todos sabem que as vitórias dos últimos dias na Vila Cruzeiro e no Complexo do Alemão não são definitivas, a reversão apenas começou, o Rio está no início de um complicado processo de revitalização social e política que começa no campo da segurança e espraia-se por todas as esferas, a começar pelo Judiciário, e chegam ao Legislativo. Prova disso é a preocupante representação da máfia das milícias na Câmara dos Vereadores carioca.

O desempenho da imprensa deve ser acompanhado com rigor – este Observatório é pioneiro nesta proposta – mas o espírito crítico deve manifestar-se ampla e constantemente, livre de qualquer sentimento bairrista.