Thursday, 28 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1281

O que faz a diferença

Bem-vindos ao Observatório da Imprensa.

Há exatos 30 dias, a menina Isabella Nardoni, de cinco anos, era morta e jogada do sexto andar de um prédio da classe média na zona norte de São Paulo. O caso tomou conta do país porque entre os principais suspeitos estão o pai e a madrasta da menina.


Quase 99% dos entrevistados pela sondagem CNT/Sensus revelaram que têm acompanhado e ouviram falar no caso. Este impressionante índice de participação jamais foi alcançado neste tipo de enquete.


É curiosidade mórbida, revolta, horror à violência? Ou é a espetacularização da dor, acionada por uma mídia sensacionalista? Acontece que, na mesma pesquisa, quase 72% dos entrevistados consideraram a cobertura da mídia adequada e competente. Apenas 24% desaprovam. Significa que a sondagem está errada nesta questão?


A pesquisa não está errada, o grande público vê a mídia de uma forma acrítica, acredita na mídia e não percebe seus exageros. A não ser que alguém aponte os abusos e erros.


Aqui, a sondagem oferece outra novidade: 8,5% assistem freqüentemente à TV pública e quase 22% o fazem às vezes. Reparem que o número dos que desaprovam a cobertura do caso Isabella (cerca de 24%) não está muito distante dos quase 30% que sintonizam as redes públicas.


Outro dado de importância capital: neste mês de vale-tudo jornalístico, a TV Brasil dedicou apenas 13 minutos ao caso Isabella e a TV Cultura, cuja base é São Paulo, em 30 dias só dedicou ao caso 36 minutos. As emissoras comerciais chegam a dedicar horas por dia.


Conclusão: quem acha o sensacionalismo adequado não é você, nem você, que assistem às TVs públicas. Você e você é que fazem a diferença neste país.


Assista ao compacto desse programa em:
www.tvebrasil.com.br/observatorio/videos.htm