Friday, 26 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Por que não uma OAB de jornalistas?

Bem-vindos ao Observatório da Imprensa.


Você sabe e você pode comprovar: há mais de seis anos condenamos o jornalismo baseado em grampos, fitas e vazamentos ilegais. O denuncismo sem investigação é sensacionalismo, cumplicidade com os interesses escusos que favorecem este tipo de acusação.


Com o mesmo rigor este Observatório da Imprensa condena a iniciativa do Governo de encaminhar ao Congresso o anteprojeto que cria o Conselho Federal de Jornalismo. Em primeiro lugar porque a coincidência de situações sugere uma represália do Governo contra a imprensa. Denuncismo não se combate com autoritarismo. Em segundo lugar porque este Conselho é a coisa mais disparatada que se poderia inventar numa democracia para disciplinar ou proteger os jornalistas e o jornalismo. Há pelo menos meia dúzia de outras idéias mais eficazes e mais consensuais.


Esta iniciativa nos remete ao Estado Novo, lembra o corporativismo que estava tão em voga nos anos 30. Lembra o famigerado peleguismo, aquela esdrúxula associação de atividades sindicais com ações governamentais.


Quem protege os jornalistas é o Judiciário, quem disciplina a imprensa é a sociedade. D. Pedro II já dizia há mais de um século que os abusos da imprensa devem ser corrigidos pela própria imprensa. O exercício de uma profissão de natureza social e finalidade pública deve ser irrestrito e ilimitado, sem condicionantes de qualquer ordem, a não ser os previstos na Constituição.


Como no desfecho do caso do repórter Larry Rohter, mais uma vez o Governo ‘pisou na bola’. Puxou o gatilho antes de perguntar quem vem lá. Agora, preocupadas com a repercussão, figuras importantes do primeiro escalão já começam a admitir que a intenção do Governo é iniciar um debate com a sociedade. Ainda bem. Mas, convenhamos, existem formas mais criativas e menos assustadoras para suscitar o debate.


O exercício do jornalismo não pode ser equiparado às outras profissões como a engenharia, a medicina, a advocacia ou a contabilidade. A imprensa é um poder, o quarto poder, previsto na Carta Magna, e este poder essencialmente democrático não pode ser regulamentado por nenhuma entidade.


Este Observatório da Imprensa não faz política, não discute política, não tem interesses políticos. Nossa pauta é a imprensa, nosso compromisso é com você telespectador e os seus direitos como cidadão. Nosso compromisso é com o jornalismo, uma atividade preciosa demais para tornar-se propriedade de quem quer que seja.


Assista ao compacto desse programa em:
www.tvebrasil.com.br/observatorio/videos.htm