Thursday, 18 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

RCTV, Venevisión e o golpista aliado

Bem-vindos ao Observatório da Imprensa.

O Senado não é um clube, nem partido, o Senado é a voz da República Federativa cujo nome é Brasil. Esse é o princípio da democracia representativa. Os senadores têm autonomia e legitimidade para se manifestar a respeito de países, blocos, ameaças e problemas. Está no seu direito pronunciar-se sobre o que se passa na Venezuela justamente porque o país vizinho foi escolhido como parceiro privilegiado.


Mas o presidente venezuelano, Hugo Chávez, também tem o direito de expressar suas opiniões sobre quem quer que seja. Inclusive sobre o Senado brasileiro. Mas terá assumir o ônus político.


Isso posto, o que interessa a este Observatório da Imprensa não são os desdobramentos diplomáticos da crise resultante do fim da concessão da RCTV, a maior e mais antiga televisão venezuelana. O que nos interessa é justamente esta não renovação porque o sistema de radiodifusão vigente na Venezuela é semelhante ao brasileiro.


Estamos preocupados, e não é de hoje, porque o conceito de ‘mídia golpista’ transcendeu à Venezuela e a Chávez e está se transformando num chavão partidário extremamente perigoso para a nossa democracia.


É verdade que a RCTV embarcou no golpe que tentou derrubar Hugo Chávez em 2002 mas também é verdade que a Venevisión, de Gustavo Cisneros, foi igualmente golpista e hoje desfruta de todos os privilégios do governo de Chávez. Significa que há golpistas que interessam a Hugo Chávez e golpistas que precisam ser calados.


O povo que vai às ruas de Caracas em defesa da RCTV talvez não esteja muito preocupado com vagas noções de liberdade de expressão. Mas é preciso lembrar que o Estado é o poder concedente em nome da sociedade e a sociedade venezuelana está mostrando que deseja a RCTV de volta.


Assista ao compacto desse programa em:
www.tvebrasil.com.br/observatorio/videos.htm