Saturday, 20 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Satiagraha e grampos, acusação e prova

Bem-vindos ao Observatório da Imprensa.

Há quatro meses vivemos sob a égide de uma misteriosa palavra. Embora envolvida com o misticismo oriental, tornou-se a mais explosiva do noticiário. Satiagraha, a firmeza da verdade, converteu-se numa bomba de fragmentação que espalha estilhaços por onde passa.


Os investigadores passaram a investigados, o Judiciário converteu-se num campo de batalha entre as diferentes instâncias, a Polícia Federal se divide e surge uma nova personagem, a ABIN, que não deveria aparecer nesta história. O protagonista, o banqueiro Daniel Dantas, continua como protagonista mas, desta vez, a mídia não sairá incólume.


E o que interessa a este Observatório é justamente o papel desempenhado pela mídia numa sucessão de escândalos que já se estende por uma década. Cada interceptação telefônica, vulgarmente chamada de grampo, produz um vazamento para a imprensa, sempre ilegal, porque os inquéritos deveriam correr em sigilo.


Se os vazamentos são ilegais, por que a mídia os divulga sem qualquer apuração preliminar? Porque são vazados justamente para não serem apurados, apenas para fazer barulho, aumentar a onda e converter suspeitas em certezas.


Se a mídia é independente – é imperioso que o seja numa sociedade democrática – não deveria se transformar em instrumento nas mãos dos interesses em conflito. Enquanto não se decide se Daniel Dantas é inocente ou culpado, o que interessa é recolocar a imprensa na função de buscadora da verdade. Sem este requisito mínimo, Satiagraha, a firmeza da verdade, será uma farsa.


Assista ao compacto desse programa em:
www.tvebrasil.com.br/observatorio/videos.htm