Friday, 26 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Um balanço da cobertura do Pan

Bem-vindos ao Observatório da Imprensa.

As novas gerações talvez não saibam a origem das palavras ufanismos e ufanistas. É coisa antiga, do início do século XX, quando o conde Afonso Celso escreveu um livrinho dedicado aos seus filhos: “Por que me ufano do meu país”. Foi um dos nossos primeiros best-sellers, sobretudo porque os sucessivos governos compraram tiragens inteiras para distribuir nas escolas. Hoje, o livro sequer acha-se nos sebos.


Mas o ufanismo ficou, continua muito vivo, sobretudo nas competições esportivas internacionais, quando a mídia eletrônica, para justificar as verbas de publicidade, é obrigada a esquentar a competição com apelos patrioteiros. Assim foi no ano passado, durante a Copa do Mundo da Alemanha e assim foi nos jogos Pan-americanos, o Pan, recém terminado no Rio.


O ufanismo subverteu a cobertura, sobretudo televisiva. Ao telespectador não foi oferecida uma visão ampla do Pan, mas sim uma visão dos feitos dos atletas brasileiros. Um bronze verde-amarelo era mais importante do que um ouro cubano, americano ou canadense. As vaias anti-esportivas aos nossos competidores não surgiram por acaso. Foram feias, ficamos com fama de mal-educados e anti-esportivos.


A necessidade de criar ídolos faz parte da condição humana mas a mídia não é obrigada a embarcar nesta perigosa aventura. Sua credibilidade pode ser posta em dúvida já no próximo ano, antes mesmo das olimpíadas de Beijing.


Assista ao compacto desse programa em:
www.tvebrasil.com.br/observatorio/videos.htm