Thursday, 25 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Empreendedorismo e concurso público são a saída para jornalistas com deficiência

Quase invisíveis diante dos olhos das grandes empresas de comunicação, os jornalistas com deficiência se lançam no mercado de trabalho usando a tecnologia e as redes sociais como ferramentas para conquistar espaços e visibilidade. Por outro lado, as oportunidades em concursos públicos, podem ser uma luz no mercado de trabalho em 2019.

Apesar da garantia estabelecida por lei das vagas de trabalho reservadas a estas pessoas (Lei de cotas Nº 8213/91), as oportunidades no mercado de trabalho estão cada vez mais longe do alcance dos que possuem alguma deficiência; assim sendo, comunicadores apostam em concurso público para alcançar a tão sonhada estabilidade na carreira profissional.

Um exemplo de determinação e foco na atuação profissional acontece com os comunicadores da inclusão nas mídias sociais. Presidente do “Instituto Inclusão no Meio do Mundo” (AP), Kersia Celimary Silvestre Ferreira é apresentadora e entrevistadora do programa de rádio “Espaços da Inclusão”, trabalha em companhia de pessoas com deficiência visual e prepara novidades para o ano novo.

Este exemplo de empreendedorismo na web abre espaço para outras pessoas, além de ser referencial para os que não possuem oportunidades de trabalho. “Jornalistas e pessoas com deficiência nos ajudam a colocar a rádio no ar. Nossa programação conta com colegas de outros estados. Felipe Diogo apresenta o programa “Espaço da Inclusão” e Zé Orlando o “Reggae in Box” ambos colaboradores cegos de São Paulo. O “Inclusão no Meio do Mundo”, é nosso carro chefe local apresentado aqui de Macapá. Estamos com projeto de ampliação da grade em 2019 e esperamos conseguir equipamentos para implantar a web-TV da emissora, que tem aplicativo de celular e pode ser escutada por pessoas de todas as regiões”, comenta Kersia, jornalista com deficiência visual.

Seja através do trabalho de forma independente, por meio da aprovação em concursos, ou empreendendo, os jornalistas com deficiência buscam atuar em redações, rádios, redes sociais, com intuito de sair da condição de desemprego e buscar um trabalho. A deficiência não os impede de realizar o ofício para o qual foram capacitados, mas a falta de oportunidade dificulta o acesso.

“Trabalhei em empresa particular na década de 80, mas hoje entendo que a maneira para os alunos com deficiência ingressarem no jornalismo e emprego público é principalmente o concurso, apesar da disparidade na concorrência”, ressalta a professora Drª Joana Belarmino da (UFPB), com deficiência visual.

O colunista da Folha de S.Paulo Jairo Marques prova que ainda é possível ingressar em veículo de comunicação e se firmar na profissão em empresa privada, driblando as barreiras na rotina de trabalho. “As pessoas ainda não vêm o profissional e acabam colocando a deficiência à frente, aí tenho que me impor e manter a postura diante do entrevistado sobre fatos que vou cobrir. Ainda acontece de chegar e perguntarem: onde está o jornalista?”, conclui Marques que é tetraplégico e cadeirante.

Confira a entrevista de Marques concedida ao repórter cego Renato D’Ávila:

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Renato D’Ávila Moura é jornalista sergipano, Pós-Graduado em Comunicação, Marketing e Web Jornalismo. Atuou na TV Sergipe, SEJESP, entre outros.