Friday, 19 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Visões alternativas

Apesar de ir todos os meses ao Brasil e de ter as informações via Internet ou contatos pessoais, sinto-me deslocado sobre os assuntos nacionais. O OBSERVATÓRIO tem me ajudado muito a ter visões alternativas não apenas sobre a imprensa, mas sobre o país. Dines: está valendo a pena o projeto. 
Gilberto Dimenstein

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Bookmark 
Parabéns. Já coloquei o OBSERVATÓRIO no meu bookmark. 
Reinaldo Guimarães, pró-reitor de Pós-Graduação e Pesquisa da UERJ

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Imprensa irresponsável 
Gostaria de parabenizá-los pelo projeto. Busco, junto aos futuros jornalistas, nas salas de aula, proporcionar o debate aberto, franco e saudável. 

Em muitas ocasiões, é melhor buscar os pontos fortes do bom jornalismo do que apenas "baixar o porrete". Infelizmente, não é o caso da famosa Rede Globo. Deu, no episódio do acidente com o avião da TAM, outra mostra de que o grande suporte técnico extrapola os limites do bom senso. 

1) Pouco mais de 24 horas após o acidente, a Rede Globo anunciava a produção de um Globo Repórter Especial, que procuraria contar tudo sobre o desastre. Entraram em cena seus melhores repórteres (não entendo o que a Ilze Scamparini pôde encontrar de poético em um desastre daquelas proporções. Ela é uma excelente repórter, porém acho que o profissional deve encontrar o posicionamento correto frente a cada situação que enfrenta). 

Ao final do documentário, deparamo-nos com cenas, a meu ver, no mínimo constrangedoras. Para não perder o costume, o piloto da aeronave, comandante Moreno, foi guindado ao posto de super-herói, o salvador de milhares de crianças que estudavam numa escola próxima ao aeroporto de Congonhas. Tudo isso, pouco mais de 24 horas depois do acidente! 

2) Pois bem. Durante esta semana, vimos, a cada dia, manchetes do tipo "equipe de investigação acha novos indícios que provocaram o acidente da TAM", ou "Acidente com avião da TAM pode ter sido provocado por…" e por aí vai. No sábado (dia 9 de novembro), verifiquei pela TV que, de uma hora para outra, o comandante da aeronave pode ter sido o culpado pelo acidente! 

Ou seja, em menos de uma semana, o herói virou bandido? Detalhe meramente técnico – sem qualquer importância, do ponto de vista da equipe de jornalismo: a investigação ainda não acabou, os técnicos ainda fazem testes, há simulações importantes a serem realizadas em laboratórios, etc. 

Nessas ocasiões é que me pergunto onde foi parar a ética do marceneiro que Claudio Abramo tão bem exemplificou em seu livro A Regra do Jogo? E onde fica a moral da família do piloto? Como é que a família pode conviver com pseudo-veredictos estampados em manchetes feitas por jornalistas irresponsáveis, ou que seguem a orientação de um editor irresponsável? Até quando a desgraça, seja ela imposta a quem for, vai servir de fim para justificar os meios? 
Maurício Gasparotto, jornalista e professor de Jornalismo – IMS

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Fast-food 
Faleceu ontem o jornalista que vivenciava uma pauta sobre a morte. Está certo que a notícia virou mercadoria. Está certo que a mídia impressa vive uma espécie de "inveja do pênis" da mídia eletrônica… mas a dor tem a sua dimensão de espetáculo anulada quando tratamos informação com a mesma leviandade dosfast-food (arremedos de alimentação) 
TT Catalão – Brasília. Antes tarde do que tédio

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Dossiê Rádio: Veículo da barbárie 
No duro, no duro, a história acabou muito bem. Se não fosse assim, o fulano, que torturou e matou a menina, ficaria uns aninhos na prisão e certamente seria solto pela babaquice das leis – pessoal que faz as leis fica do lado dos criminosos porque, se acabarem os crimes, eles perdem seus empregos – e estaria pronto pra matar mais crianças. 

By the way, se tivesse acontecido a mesma coisa para o tal belga que matou um monte de crianças, enquanto ele esteve na cadeia, certamente as crianças ainda estariam vivas. 
José Cláudio Maluf 

Prezado José Cláudio Maluf: Obrigado por sua correspondência. Minha discordância é absoluta. Deixar a aplicação de leis – elas o são, apenas de outra natureza – por conta da turma que está nas penitenciárias é o bom conselho que você dá de graça. Não, obrigado. Repito, mutatis mutandis, o que escrevi: se a Justiça funcionar na mesma faixa de ondas mentais de uma parte dos homens, sabe-se lá onde vai parar. Ou melhor: sabe-se, e o problema é justamente esse.(M.M.)

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Ponto de exclamação 
Olá, Dines, esse seu artigo é um verdadeiro, completo e brilhante tratado de sociologia. Antológico.

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Brasil em Ação 
35 gerentes, 42 projetos e um copo quebrado. De Gaulle, ah, De Gaulle …

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Maneiras de Dizer 
Vejo nisso tudo um tremendo desrespeito ao cidadão brasileiro. 
Maurício Ruy Prates. Belo Horizonte, MG, Brasil

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Senso Trágico 
(acidente com avião da TAM, ver O.I., edição de 5 de novembro
Enfoque irrepreensível o de Alberto Dines, embora carente de contrapartida eficaz no mundo real; qual o jornalista, exceto o foca recém-embarcado, que pensa seriamente em ver publicado aquilo que seu íntimo revela como politicamente correto? Qual a amplitude do desapego ao faturamento das páginas douradas daVeja, que tornaria viável ao grupo Abril priorizar o interesse e bem-estar da sociedade, em detrimento da engorda de seu Caixa? Curiosamente são de uma área jornalística mais conservadora as primeiras e discretas investidas em segmentos de proteção do interesse público, com inserções generosas e pragmáticas na defesa do consumidor esmagadoramente lesado no seu cotidiano. 

O grupo Folha, que já cunhou o slogan "de rabo preso com o leitor", mantém a mais primitiva e fechada abordagem jornalística dos chamados grandes da imprensa na defesa do dia-a-dia do cidadão, com uma interatividade (leia-se Painel do Leitor da FSP) restrita a retratações e parabenizações intestinas, com algumas aberturas a direitos de resposta. O maior jornal do País mantém uma desprezível cobertura de Reclamações do Consumidor, e a geração interna do corpo de Redação enfatiza discretamente a temática abordada em seu "senso trágico…", que se confunde contundentemente com as expectativas da sociedade, desamparada em suas vicissitudes. 
Adolfo Gerbatin 

Prezado Adolfo Gerbatin. Obrigado por sua correspondência. É verdade que não se costuma ver crítica mais pesada no Painel do Leitor da Folha, e menos ainda sem resposta. Mas acontece. No dia 15, a última carta publicada no Painel do Leitor, intitulada "Crítica", do leitor Cledeval de Lourenço Silva, começa assim: "Após 12 anos de assinante, estou me despedindo, em virtude de discordar da linha e conteúdo deste matutino. Com o tempo, a qualidade do jornal foi decaindo." E vai em frente no mesmo tom contundentemente sóbrio. (Para ler a continuação:1). A maneira seca de publicar a carta pode refletir uma preocupação com a recuperação da qualidade. No dia 10/11, o ombudsman Marcelo Leite não fez concessões em sua crítica ao sensacionalismo.(Os Observadores.) 

(1) "Falta ao jornal maior espírito investigativo, imparcial, interpretativo da realidade. Há uma ênfase exagerada nas pesquisas do Datafolha, números mal interpretados e analisados. 

A cobertura internacional é pobre. O caderno São Paulo não analisa e critica as obras dos governantes como se deve (sua necessidade, preço, projeto, opiniões de autoridades sobre elas, etc.). 

Questões como plano diretor, PAS, Cingapura, saneamento básico, transportes e outras passam ao largo e são consideradas de modo superficial. 

O caderno de esportes não traz muitos resultados das competições do dia anterior. A cobertura das eleições faz conciliação, ora elogia, ora ataca o mesmo candidato sem se preocupar em fundamentar as denúncias com provas concretas e sólidas. 

Informações inverídicas são veiculadas sem contestação, como os salários de médico do PAS de R$ 3.200,00 (na verdade, o líquido gira em torno de R$ 2.200/R$ 2.500)." 

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Celulares liberados 
Em relação aos celulares (edição de 5 de novembro), gostaria que se dissesse também o outro lado. Existem empresas, como a Air France, que não proíbem celulares. Aliás, eles fizeram testes com vários passageiros utilizando equipamentos celulares, ao mesmo tempo, e nada foi constatado. 

Acho que isto assusta um pouco. Principalmente da forma que você colocou. Ou seja, que é danoso e é prejudicial aos instrumentos dos aviões quando em vôo ou taxiando. Concordo com o descaso das nossas autoridades. Isto é público e notório. 
Paulo Ricardo Pussieldi 

Prezado Paulo Ricardo Pussieldi.Obrigado por sua correspondência. Recapitulando, eu não escrevi que celulares "são danosos e prejudiciais". Propus que, na avaliação do risco, a opinião pública seja convenientemente alertada pela imprensa. Também não falei em descaso das autoridades. Não penso assim. Disse, com outras palavras, que a atividade rotineira das autoridades por si só não basta. (M.M.)

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Superjornalista? 
Sou estudante de jornalismo da UFSC. Concordo com o ponto de vista de M. M. quando diz que a imprensa tem ou deveria ter papel atuante em questões que envolvam a sociedade. Por outro lado, tenho algumas dúvidas quando escreve: "A imprensa é o único instrumento disponível para que se ponham num dos pratos da balança os benefícios do uso de celulares quando o avião já está taxiando e, no outro prato, os riscos corridos por todos." 

A questão aqui é a imprensa como único instrumento para julgar (ou pôr na balança). Se entendi bem, sua proposta é de que jornalistas tenham a função de dizer o que é certo ou errado num caso extremamente técnico. Não acredito que possamos assumir a culpa por uma falha de uma categoria que estuda os mesmos quatro anos que os jornalistas, às vezes até mais. As universidades formam engenheiros em eletrônica todos os anos para que eles cumpram seu papel dentro da sociedade, e eles também têm um código de ética a seguir. 

Acredito que o jornalista tem o papel de informar a sociedade das falhas, erros e omissões das diversas profissões. A partir do momento em que a sociedade toma consciência dos fatos, deve cobrar junto à Justiça uma atitude. Se a Justiça não tem funcionado, o jornalista tem de relatar os erros e não assumir a função de juiz. 

Não acredito que a sociedade esteja tão dependente assim da imprensa, pelo menos não deveria estar. Quantas vezes vimos a imprensa metendo o nariz em outras profissões e errando (vide caso Escola Base de São Paulo, ou erros médicos que não eram erros médicos). 

Sérgio Rodrigo Severino, estudante de jornalismo da Universidade Federal de Santa Catarina 

Prezado Sérgio Rodrigo Severino. Obrigado por sua correspondência. Você tem razão quanto à frase citada. Eu deveria ter explicitado que quem deve pôr na balança é a chamada opinião pública, por intermédio de um conhecimento que lhe é transmitido pela imprensa, para exercer sua (da opinião pública) influência junto às instâncias decisórias da sociedade. O método é precário, mas falham também os mecanismos de auto-regulação de todas as categorias e corporações. Como disse Winston Churchill, a democracia é a pior forma de governo, salvo todas as demais que têm sido experimentadas. Quanto à idéia de que jornalistas possam dirimir questões técnicas, só como piada. Mas podem – devem – vocalizar sentimentos que têm curso na sociedade. Mais uma coisa: não creio que se deva raciocinar separando "jornalistas", "engenheiros" ou "Justiça" de "sociedade".(M.M.)

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Data errada 
Me desculpem os coleguinhas, mas não entendi patavinas do texto "exemplificador" ("Jornalismo sem referências é comida sem gosto", edição de 5 de novembro). Maluf é jovem político? Discurso em 29/11 (se estamos no dia 17)? 
Silvano Tarantelli 

Prezado Silvano Tarantelli. Obrigado por sua correspondência. Não se trata de um samba do jornalista doido. A identidade do "jovem político" – Luís Eduardo Magalhães – está no parágrafo anterior. Mas a frase toda é: "… recomendando ao jovem político baiano um pouco menos de açodamento na pretensão de suceder FHC; havia outros mais velhos". Se é baiano, não pode ser Maluf… Quanto à data, está errada, sim: é 29 de outubro.(Os Observadores.)

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Volta 
Parabéns. Agora vejo que Alberto Dines tinha muito boas razões para voltar ao Brasil. 
Dora Ribeiro, Lisboa

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