Há 21 anos, em 1975, a primeira experiência brasileira de crítica da mídia ("Jornal dos Jornais", Folha de S.Paulo), foi apresentada como perigosa e seu autor punido com a inserção nas listas negras da grande imprensa. A "máquina" dos jornais considerou esse exercício de autocrítica como censura, traição do espírito de corporação, desvendamento dos segredos profissionais, etc. O regime militar forçou o fim da experiência porque incentivava a resistência à autocensura.
Hoje, a crítica da mídia é prato de subsistência da própria mídia. Não há dia em que um articulista, jornalista ou não, descarregue sua bílis sobre o desempenho da imprensa. Veja (edição de 28 de Agosto) engrossou sem timidez este batalhão de observadores da imprensa com uma rigorosa peça de Marcos Sá Corrêa (Eles Disseram:),sobre o esvaziamento do jornalismo de cidade e as suas conseqüências na desqualificação do debate das eleições municipais (tema de um fórum do Labjor na Unicamp, com o título "Onde fica a cidade nos Cadernos de Cidades?").
A nova moda de crítica à mídia é indício positivo ou negativo? A transparência chegou ao Quarto Poder ou o nível de degradação tornou-se insuportável?
Enquanto a momentosa questão não se esclarece, ficam os leitores da revista aguardando os comentários sobre a matéria de capa da mesma edição (V. acima).