O décimo nome entre os indiciados nas investigações sobre fraudes no Banco Nacional foi o da nora do presidente da República, Ana Lúcia Magalhães Pinto, filha do fundador do banco. Passaram pelo paredón da imprensa os auditores, operadores financeiros e até o ex-vice-presidente de marketing.
Apenas os primeiros acusados mereceram primeira página. Nas edições do dia 20 de agosto, quando a ex-diretora de promoções culturais do Banco e nora do presidente foi indiciada, o caso subitamente voltou à primeira página dos jornalões. E a Folha brindou-o com a manchete principal. Se não fosse casada com o filho do Presidente, teria merecido o destaque?
Mas a grande questão embutida na quebra do Nacional continua ignorada pela imprensa, passados 10 meses da sua liquidação: qual é o calote das empresas jornalísticas no passivo total da instituição?
O Banco Nacional de Minas Gerais (depois, apenas Banco Nacional) não foi apenas "o banco que está a seu lado". Foi o banco que sustentou a imprensa brasileira – pessoas físicas e jurídicas – desde os anos 60.
A maioria dos jornalistas honraram os seus compromissos, grande número de empresas jornalísticas ficaram penduradas. E para que não fossem executadas judicialmente, seus débitos foram incorporados no prego do fundo perdido.
Se a imprensa reclama do PROER, por que não investiga e divulga o tamanho do buraco causado pela política de boa vizinhança dos bancos em relação à imprensa? Sigilo de banco quebrado não é para valer.